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Armas Nucleares

80 anos após Hiroshima, armas nucleares voltam ao centro da corrida armamentista global

Japão relembra Hiroshima em meio a escalada global das armas nucleares

06/08/2025 09h05
Por: Diário da Feira
Fonte: G1 Mundo
Foto: DPA/picture alliance via DW
Foto: DPA/picture alliance via DW

O mundo relembra, nesta terça-feira (6), os 80 anos do bombardeio atômico sobre Hiroshima, ocorrido às 8h15 de 1945. A data, marcada por homenagens e apelos pela paz, contrasta com um cenário internacional onde as armas nucleares voltam a ganhar protagonismo.

A sobrevivente Setsuko Thurlow, hoje com 93 anos, tinha apenas 13 quando viu o clarão azulado atravessar a janela de sua escola, segundos antes de ser arremessada pela onda de choque da bomba "Little Boy", lançada pelos Estados Unidos. Seu testemunho, repetido ao longo de décadas, é um lembrete vívido da destruição causada por armas de destruição em massa — e da urgência de evitá-la novamente.

"Vi pessoas andando com a pele pendurada nos ossos e olhos nas mãos", relatou Thurlow, uma das vozes mais ativas na luta pela abolição do armamento nuclear. Ela representou a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN), laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2017.

Corrida armamentista reacende tensões globais

O apelo por um mundo livre de bombas atômicas, no entanto, parece cada vez mais distante. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), 2024 registrou o maior investimento global em defesa desde o fim da Guerra Fria. E boa parte desses recursos foi destinada à modernização e ampliação de arsenais nucleares, especialmente por parte de Estados Unidos, Rússia e China — principais protagonistas da nova corrida armamentista.

Atualmente, nove países detêm armas nucleares. Juntos, possuem mais de 16 mil ogivas. A Rússia lidera em quantidade, seguida pelos Estados Unidos. Outros países como França, Reino Unido, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte também integram o grupo. A crescente tensão no cenário geopolítico — impulsionada por conflitos como a guerra na Ucrânia e disputas territoriais no Pacífico — tem levado até países historicamente pacifistas a repensarem sua postura.

Japão entre o trauma e o dilema nuclear

O Japão, único país a sofrer dois ataques atômicos — Hiroshima e, dias depois, Nagasaki — ainda carrega cicatrizes físicas e simbólicas desses eventos. Desde 1947, o Sino da Paz toca anualmente em Hiroshima às 8h15, em memória das vítimas. A Constituição pacifista japonesa e os "três princípios não nucleares" impedem a posse ou produção de armas atômicas no país. No entanto, diante das ameaças da Coreia do Norte e da crescente influência militar da China, vozes dentro do Japão começaram a questionar essa postura.

Embora a sociedade japonesa ainda resista fortemente à ideia de desenvolver armas nucleares, o debate deixou de ser tabu. Alguns políticos já sugerem a possibilidade de um pequeno arsenal nacional, caso a proteção americana não se mostre suficiente.

Europa também revisita o debate nuclear

A discussão também ganhou força na Europa. Diante da agressão russa à Ucrânia, parlamentares alemães passaram a defender maior envolvimento da Alemanha nos programas nucleares da França e do Reino Unido, ou até mesmo a criação de um arsenal europeu conjunto. Atualmente, cerca de 20 ogivas nucleares dos EUA estariam armazenadas em território alemão, prontas para uso por caças alemães — dentro do chamado sistema de "compartilhamento nuclear" da OTAN.

Especialistas alertam que o desarmamento nuclear global entrou em retrocesso. “Durante anos vimos uma redução gradual de arsenais. Agora, esse ciclo parece ter chegado ao fim”, afirmou Dan Smith, diretor do SIPRI.

Vozes pela paz ainda resistem

Apesar do avanço da militarização, sobreviventes como Setsuko Thurlow continuam levantando a voz. Para ela, a existência de milhares de armas nucleares em nove países é "uma loucura — até mesmo um crime". “Estamos vivendo na era nuclear, e não podemos aceitar calados que os líderes mundiais continuem construindo mais.”

O 80º aniversário de Hiroshima serve como alerta: o mundo está diante de uma encruzilhada. Ou reforça o caminho do desarmamento e da diplomacia, ou caminha novamente rumo ao abismo da destruição nuclear.

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