Mototáxi por aplicativo é risco crescente no trânsito brasileiro, alerta especialista

A popularização dos serviços de mototáxi via aplicativos, como Uber Moto e 99 Moto, tem causado preocupação entre especialistas em segurança no trânsito. Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erivelton Guedes, essa expansão é uma “tragédia anunciada” em um país onde acidentes com motocicletas já apresentam altos índices de mortalidade.

Guedes, que participou da elaboração do Atlas da Violência 2025, explica que a regulamentação desses serviços pode criar uma falsa sensação de segurança, enquanto o número de acidentes graves e fatais tende a aumentar. Dados recentes mostram que, apesar da redução nos homicídios, as mortes no trânsito vêm crescendo, especialmente as envolvendo motos, que já representam um terço das fatalidades no país.

O especialista alerta para a vulnerabilidade dos passageiros, que muitas vezes não sabem se comportar adequadamente durante as viagens e não usam vestimentas adequadas de proteção, aumentando o risco de lesões graves. “O passageiro está ali passivamente e não tem como evitar um acidente”, destaca.

Além dos riscos à saúde e à vida, as consequências sociais dos acidentes são significativas, com muitos sobreviventes ficando com sequelas permanentes que impactam suas rotinas e famílias. O presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Antonio Meira Júnior, reforça que a letalidade em acidentes com motos é até 17 vezes maior do que em veículos automotores, tornando o transporte de passageiros por moto uma atividade de alto risco.

Apesar dos riscos, a crescente demanda e a falta de alternativas de emprego tornam difícil a proibição desses serviços, segundo Guedes. Ele destaca a necessidade de políticas públicas que ofereçam opções mais seguras e acessíveis para a mobilidade da população, especialmente nas periferias, onde o transporte público é insuficiente.

As empresas responsáveis pelos aplicativos destacam suas iniciativas de segurança, incluindo verificação de identidade, uso obrigatório de capacetes, monitoramento de velocidade e seguros para passageiros e motociclistas. Mesmo assim, o debate sobre os riscos e impactos sociais desses serviços segue aberto.