O projeto de ligação ferroviária entre Salvador e Feira de Santana, que há anos desperta expectativas na Bahia, voltou a ganhar força e visibilidade no governo federal. A proposta, considerada estratégica para a mobilidade e o desenvolvimento econômico do estado, está em fase avançada de análise técnica pelo Ministério dos Transportes, dentro do escopo do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A informação foi confirmada por fontes do setor e também pela empresa TIC Bahia, que apresentou um pedido de autorização à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para construir e operar a ferrovia. O estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental está sendo conduzido pela estatal Infra S.A., responsável por mapear trechos ferroviários considerados prioritários em todo o país.
Atualmente, o projeto conta com duas frentes distintas: uma conduzida pelo Ministério dos Transportes, por meio da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), e outra apresentada pela empresa privada TIC Bahia. Ambas visam utilizar o corredor ferroviário entre Salvador e Feira de Santana, com potencial de atender passageiros e transportar cargas com eficiência.
Segundo o engenheiro civil Danilo Silva, da TIC Bahia, a proposta da empresa já está tecnicamente estruturada, aguardando apenas a autorização do governo federal. “O contrato de autorização está pronto para ser assinado. Só falta a decisão final do ministro”, disse.
Com cerca de 98 quilômetros de extensão, o projeto da TIC Bahia prevê uma linha férrea de bitola larga, eletrificada com 25kV e equipada com o moderno sistema de controle ETCS Nível 2 — o mesmo usado em ferrovias de alta performance na Europa. A velocidade dos trens poderá chegar a 160 km/h para passageiros e 120 km/h para cargas, reduzindo o tempo de deslocamento entre Salvador e Feira de Santana para apenas 35 minutos.
A linha teria 10 paradas, incluindo 8 estações de passageiros e 2 pátios para cargas, atendendo diretamente cidades como Simões Filho, Candeias, São Sebastião do Passé, Santo Amaro e Conceição do Jacuípe. As estações finais seriam localizadas em Águas Claras, na capital — integrando-se ao metrô, ao VLT e à nova rodoviária — e em Feira de Santana, com as paradas Noide Cerqueira e Rodoferroviária Contorno.
De acordo com projeções da TIC Bahia, a ferrovia teria capacidade para transportar até 85 mil passageiros por dia, com impacto direto em uma população estimada de 6 milhões de pessoas. O investimento previsto é de R$ 6,8 bilhões, com foco em ampliar a competitividade logística da Bahia e estimular o uso de modais sustentáveis no transporte de cargas e pessoas.
Além do trecho Salvador–Feira, outros cinco corredores ferroviários estão sendo estudados no país, incluindo ligações entre Brasília e Luziânia (GO), Londrina e Maringá (PR), Pelotas e Rio Grande (RS), Fortaleza e Sobral (CE), e São Luís e Itapecuru Mirim (MA).
A decisão final sobre qual proposta será levada adiante na Bahia ainda depende da avaliação do Ministério dos Transportes, que precisa verificar qual modelo melhor se alinha à política pública de infraestrutura ferroviária. Enquanto isso, o setor produtivo e os moradores das cidades envolvidas seguem na expectativa de que esse projeto finalmente saia do papel.
Sensação
Vento
Umidade