Em meio à escalada de tensões no comércio internacional, a China manifestou apoio ao Brasil diante das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. As sobretaxas, assinadas pelo presidente Donald Trump, entram em vigor nesta quarta-feira (6) e são vistas por Pequim como uma forma de intimidação econômica.
Durante uma ligação com o assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, o chanceler chinês Wang Yi declarou que o governo chinês apoia o Brasil na defesa de seus direitos e se opõe a qualquer forma de coerção ou interferência externa. Sem citar diretamente os EUA, Wang destacou que as tarifas violam os princípios de soberania e respeito mútuo entre nações.
O posicionamento foi reforçado em nota oficial do Ministério das Relações Exteriores da China, que criticou o uso de tarifas como instrumento de pressão política. Pouco antes, a embaixada chinesa no Brasil publicou em sua conta oficial na rede X (antigo Twitter) a frase: "A união faz a força".
Desde julho, Trump vem endurecendo sua política tarifária contra países que, segundo ele, desrespeitam os interesses estratégicos dos Estados Unidos. No caso do Brasil, o agravamento se deu após o avanço do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), processo que o republicano chamou de "caça às bruxas".
Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada nesta semana por desrespeitar medidas judiciais, em processo relacionado à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Trump, por sua vez, classificou as ações do STF como injustas e determinou a tarifa mais elevada entre os países afetados.
A postura da China não é novidade. Em julho, quando Trump anunciou o tarifaço, autoridades chinesas já haviam se posicionado contra o que chamaram de "instrumentalização do comércio para fins políticos". À época, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, reforçou que tarifas abusivas violam normas da Organização das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"A soberania dos Estados e o princípio da não intervenção são fundamentais nas relações internacionais", afirmou Mao.
A China, que também enfrentou uma dura política tarifária imposta por Trump no início do ano, respondeu com retaliações semelhantes. Em abril, tarifas cruzadas chegaram a 145% para produtos chineses nos EUA e até 125% para itens americanos vendidos na China. Após meses de tensão, os dois países selaram um acordo provisório em maio, reduzindo as alíquotas de ambos os lados.
Com o Brasil agora na mira, a China busca reforçar a cooperação com seus aliados estratégicos e se posicionar como defensora da estabilidade no comércio internacional. A aliança com o Brasil no contexto do Brics, bloco que tem proposto alternativas ao dólar nas transações comerciais, é vista como uma das prioridades de Pequim para conter o avanço unilateral das políticas comerciais norte-americanas.
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