Enquanto cresce a pressão internacional por uma solução pacífica e a criação de um Estado palestino, integrantes do governo de Israel avançam na direção oposta. O ministro da Segurança, Zeev Elkin, sugeriu publicamente a anexação de partes da Faixa de Gaza como forma de aumentar a pressão sobre o Hamas e forçar a aceitação de um cessar-fogo nos termos favoráveis a Israel.
“Elkin defendeu que a perda de território seria a maior punição ao grupo palestino**: ‘O mais doloroso para o nosso inimigo é perder terras’”, afirmou. A declaração foi dada em meio ao prolongamento da guerra iniciada em outubro de 2023, após ataques do Hamas que deixaram mais de 1.200 israelenses mortos.
A proposta de anexação territorial não se restringe à Faixa de Gaza. Na semana passada, o Parlamento israelense aprovou uma moção simbólica que classifica a Cisjordânia como parte de Israel, contrariando abertamente os apelos internacionais por um Estado palestino independente. Apesar de não ter efeito legal, o texto reflete o avanço político de setores ultranacionalistas dentro do governo de Benjamin Netanyahu.
O movimento de anexação ocorre em meio a um cenário de fome extrema e destruição em Gaza, que já resultou na morte de mais de 60 mil palestinos, segundo autoridades locais. A crise humanitária levou países como França, Canadá e Reino Unido a anunciarem ou estudarem o reconhecimento do Estado Palestino. A resposta de Israel foi de forte rejeição, classificando tais atos como “recompensa ao terrorismo”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou duramente as ações israelenses, afirmando que a anexação gradual da Cisjordânia é ilegal e que qualquer medida unilateral compromete a viabilidade da paz. “Essas ações devem parar”, declarou Guterres.
Parlamentares do partido Likud e ministros da ala mais radical do governo israelense, como Bezalel Smotrich, têm ampliado o discurso a favor da anexação total de territórios palestinos e da reinstalação de colônias judaicas em Gaza — removidas em 2005. A proposta reacende temores de uma nova “Nakba”, como é conhecido o deslocamento em massa de palestinos ocorrido em 1948.
Em paralelo, a comunidade internacional se mobiliza. Uma coalizão de 15 países apoiou a proposta franco-saudita por medidas irreversíveis rumo à criação de dois Estados. Egito e Catar defendem a entrega da administração de Gaza à Autoridade Palestina, hoje limitada à Cisjordânia. Israel e Estados Unidos, no entanto, não participaram da conferência e continuam resistindo ao reconhecimento unilateral do Estado palestino.
Com as negociações por cessar-fogo travadas e o sofrimento civil se agravando, o risco de colapso político e humanitário aumenta, aprofundando a divisão entre Israel e boa parte da comunidade internacional.
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