Em meio à expectativa por um possível novo conclave, um grupo de ativistas realizou um protesto simbólico nesta quarta-feira (7) em Roma. Soltando fumaça rosa com vista para o Vaticano, elas criticaram mais uma escolha papal feita exclusivamente por homens. A ação foi liderada por movimentos como a Conferência de Ordenação de Mulheres, que defende a inclusão feminina nas decisões da Igreja Católica.
Segundo Kate McElwee, diretora da organização, a manifestação representa um apelo por mudança. "É um escândalo que ainda hoje as mulheres sejam excluídas das estruturas de poder da Igreja. A fumaça rosa é um sinal de esperança, mas também de urgência: muitas se perguntam se há espaço para elas dentro da Igreja", declarou.
Essa não foi a primeira vez que o grupo recorreu à fumaça colorida como forma de protesto. Em 2013, quando o conclave elegeu o papa Francisco, ativistas realizaram uma ação semelhante no mesmo local. Além da crítica à exclusão das mulheres na eleição do pontífice, algumas manifestantes também pediram o fim da proibição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Nos últimos 12 anos, o papa Francisco ampliou a participação feminina em diversos setores da administração do Vaticano. Dados divulgados pela Vatican News apontam que o número de mulheres trabalhando na Santa Sé subiu de 846 para 1.165 desde 2013, passando de 19,2% para 23,4% do total de funcionários. Embora o avanço seja visível, ainda está longe de representar igualdade.
Entre os cargos de destaque ocupados por mulheres, estão os de liderança em dicastérios, museus, órgãos de comunicação e até mesmo no governo da Cidade do Vaticano. A irmã Raffaella Petrini, por exemplo, se tornou a primeira mulher a presidir o Governatorato do Vaticano, equivalente a um cargo de gestão logo abaixo do papa.
Outros nomes importantes incluem a francesa Nathalie Becquart, primeira mulher com direito a voto em uma assembleia sinodal; Francesca Di Giovanni, que assumiu uma subsecretaria nas Relações com os Estados; e a brasileira Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Também se destacam Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano desde 2016, e a irmã Alessandra Smerilli, que lidera um dicastério voltado às questões sociais e econômicas globais. Em 2024, Francisco nomeou ainda a freira Simona Brambilla como prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada, cargo de grande peso institucional.
Apesar dos avanços administrativos, a ordenação de mulheres ao sacerdócio continua sendo um tema fechado dentro da Igreja. O papa Francisco já afirmou que a porta para a ordenação feminina está “fechada”, inclusive para o diaconato. Mesmo assim, as manifestações como a da fumaça rosa continuam pressionando por mudanças mais estruturais.
Para os movimentos feministas católicos, nomeações simbólicas não substituem a necessidade de representatividade plena. “O conclave, que define o futuro da Igreja, ainda é território exclusivamente masculino. Isso não reflete a realidade da fé vivida por milhões de mulheres no mundo inteiro”, afirmou McElwee.
Enquanto os cardeais seguem sendo os únicos com direito a eleger o papa, as vozes femininas continuam a ecoar fora das paredes do Vaticano — pedindo por igualdade, reconhecimento e uma Igreja verdadeiramente inclusiva.
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