A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta quarta-feira (23) que os Estados Unidos não pretendem reduzir, de forma unilateral, as tarifas aplicadas sobre produtos importados da China. A declaração foi dada durante uma entrevista à emissora Fox News, em meio à continuidade da tensão comercial entre os dois países.
Leavitt destacou que a expectativa do governo norte-americano é de que Pequim retome as negociações. “A China precisa chegar a um acordo com os EUA. Estamos otimistas de que isso vai acontecer, e caberá ao presidente Trump definir os termos e os percentuais tarifários”, afirmou.
Apesar da negativa quanto à redução imediata, a secretária ressaltou que o governo americano considera necessário revisar também tarifas não monetárias, e reforçou a importância de trazer a produção de volta para o território dos EUA.
Na véspera, o ex-presidente Donald Trump — pré-candidato nas eleições de 2024 — havia sinalizado que um possível acordo com a China poderia levar à diminuição significativa das tarifas atualmente em vigor, embora tenha deixado claro que “não será zero”.
As tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses atualmente chegam a até 245%, conforme documento oficial divulgado recentemente. Entre os encargos estão taxas específicas como uma tarifa recíproca de 125%, outra de 20% voltada ao combate à crise do fentanil, além de tarifas previstas na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que variam entre 7,5% e 100%.
A Seção 301 permite ao governo americano adotar medidas contra práticas consideradas desleais ou discriminatórias por parte de governos estrangeiros. No caso chinês, a legislação tem sido usada para responder a supostas violações envolvendo transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que os valores mencionados devem ser questionados diretamente ao governo americano, mas garantiu que o país manterá sua posição firme na disputa tarifária. Atualmente, a China aplica tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos.
Além das medidas diretas, Pequim também tomou decisões estratégicas, como suspender a compra de jatos da Boeing e impor novas restrições a importações dos Estados Unidos.
A tensão comercial se intensificou no início de abril, quando Trump anunciou a criação de tarifas recíprocas que variam entre 10% e 50%, atingindo mais de 180 países. A China foi um dos países mais afetados, resultando em retaliações imediatas.
Como resposta, os EUA ampliaram ainda mais as alíquotas sobre produtos chineses, atingindo o atual patamar de 145%. Em contrapartida, os chineses também elevaram suas tarifas e aplicaram outras sanções econômicas.
Apesar do cenário tenso, Washington isentou recentemente da lista de produtos tarifados itens como smartphones, laptops e outros eletrônicos — uma medida que exclui da cobrança setores altamente dependentes da produção asiática, como o da Apple.
Mesmo com a isenção, Trump negou que a cadeia de eletrônicos esteja totalmente livre das tarifas, sinalizando a possibilidade de realocação desses produtos para uma nova categoria tributária.
As negociações seguem indefinidas, e os desdobramentos da guerra comercial continuam sendo observados de perto pelos mercados globais.
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