Ao longo de seu papado, o papa Francisco se envolveu em diversos embates com figuras políticas e autoridades religiosas, alguns dos quais se tornaram amplamente conhecidos. Suas declarações e posturas, muitas vezes contundentes, geraram reações fortes e até ataques pessoais, refletindo seu compromisso com a justiça social e a paz, mas também sua disposição de confrontar poderosos para defender seus princípios.
Javier Milei: Ataques e Reconciliação
O presidente da Argentina, Javier Milei, foi um dos primeiros a atacar diretamente o papa Francisco. Durante a campanha presidencial de 2023, Milei chamou Francisco de "representante do maligno na terra" e de "imbecil", além de acusá-lo de pregar o comunismo. A crítica foi uma resposta a um comentário do papa, que expressou preocupação com o "triunfo do egoísmo sobre o comunitarismo", em referência à crescente polarização política na Argentina. No entanto, após a morte de Francisco, Milei se mostrou mais conciliador, publicando uma nota de pesar em que expressou admiração pelo pontífice, apesar das diferenças passadas.
Donald Trump: Muro, Pontes e Confronto Religioso
O confronto entre o papa Francisco e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ganhou destaque em 2016, quando Francisco criticou a proposta de Trump de construir um muro na fronteira com o México, dizendo que “uma pessoa que pensa apenas em construir muros e não em construir pontes, não é cristã”. Trump, por sua vez, classificou as palavras do papa como "vergonhosas" e defendeu sua fé cristã, alegando que, como presidente, ele não permitiria que o cristianismo fosse atacado. Apesar das desavenças, Trump expressou seu pesar pela morte do papa e confirmou presença no funeral.
Jair Bolsonaro: A Amazônia e a Resposta Direta
Outro confronto significativo ocorreu em 2020, quando o papa Francisco fez um apelo pela proteção da Amazônia e pelos direitos dos povos nativos. Bolsonaro respondeu de forma direta no Twitter, afirmando que a Amazônia “é nossa”, sem aceitar a intervenção do papa em questões internas do Brasil. Após a morte de Francisco, Bolsonaro fez questão de destacar a importância espiritual do papa, considerando-o um sinal de "unidade, esperança e orientação moral".
Nicolás Maduro: Ditaduras e Críticas Diretas
Em 2024, o papa Francisco não poupou críticas ao governo de Nicolás Maduro, da Venezuela. Durante uma coletiva, o papa afirmou que “ditaduras não servem e acabam mal”, referindo-se à crise política e humanitária no país. A fala foi uma indireta à governança de Maduro, que estava envolvido em alegações de fraude eleitoral e repressão política. O papa sempre se posicionou em defesa dos direitos humanos e contra regimes autoritários, o que o levou a entrar em atrito com o regime venezuelano.
Igreja Ortodoxa Russa: O Conflito com o Patriarca Kirill
Francisco também se envolveu em um confronto significativo com o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill I, que foi aliado de Vladimir Putin durante a invasão da Ucrânia. Em 2022, o papa afirmou que Kirill não deveria ser um "coroinha" de Putin, devido ao seu apoio à guerra. A Igreja Ortodoxa Russa reagiu dizendo que as palavras do papa não ajudavam no diálogo entre as duas religiões, e o Vaticano tentou sem sucesso uma aproximação com Moscou.
Cardeal Raymond Burke: A Disputa Dentro da Igreja Católica
Dentro da Igreja Católica, o papa Francisco também teve seus opositores. Um dos principais foi o cardeal americano Raymond Burke, que criticou a liderança de Francisco, dizendo que a Igreja estava “como um navio sem leme”. Em resposta, o papa afastou Burke de uma posição de poder no Vaticano, colocando-o em um cargo cerimonial, acusando-o de semear desunião dentro da Igreja.
O pontificado de Francisco foi marcado por sua disposição de enfrentar líderes poderosos, sejam eles políticos ou religiosos, sempre com o objetivo de defender a justiça social, a paz e os valores cristãos. Suas interações com figuras como Milei, Trump, Bolsonaro, Maduro, Kirill e Burke demonstram um papa que, além de líder espiritual, nunca hesitou em se posicionar contra aqueles que, em sua visão, prejudicavam o bem comum.
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