A última semana foi marcada por forte turbulência nos mercados internacionais após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados de mais de 180 países. A medida, oficializada na quarta-feira (2), foi batizada por Trump como o “Dia da Libertação” econômica dos EUA, e provocou uma onda de reações diplomáticas e financeiras ao redor do mundo.
As chamadas “tarifas recíprocas” preveem sobretaxas que variam entre 10% e 50% sobre produtos estrangeiros, com vigência entre os dias 5 e 9 de abril. Segundo Trump, a iniciativa visa proteger a indústria nacional americana, restringindo a entrada de mercadorias estrangeiras e estimulando a produção interna.
No entanto, analistas apontam que a medida pode ter efeito contrário ao esperado. Com produtos mais caros, o custo de vida pode aumentar nos Estados Unidos, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. O temor de uma recessão passou a rondar os investidores.
Diversos países reagiram rapidamente às novas tarifas. A China anunciou medidas retaliatórias imediatas, como uma tarifa de 34% sobre produtos americanos. Já na Europa, líderes políticos criticaram duramente a iniciativa de Trump. Emmanuel Macron, presidente da França, afirmou que as tarifas “quebram cadeias de valor e aumentam a inflação”. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sinalizou que a União Europeia está preparada para responder com medidas equivalentes, caso necessário.
O Reino Unido, em uma postura mais cautelosa, anunciou que buscará acordos bilaterais para mitigar os impactos da medida.
O Brasil também foi diretamente afetado. Os EUA passaram a impor uma taxa de 10% sobre todas as importações brasileiras. A resposta política veio rapidamente: o Senado aprovou a chamada Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza o governo a reagir a barreiras comerciais com medidas similares, incluindo a suspensão de benefícios comerciais e até mesmo de direitos de propriedade intelectual.
A tensão entre os dois países levanta preocupações sobre os impactos no agronegócio e nas exportações brasileiras, especialmente em setores como o do etanol, soja e carne. A necessidade de buscar novos parceiros comerciais se torna cada vez mais urgente.
Os efeitos do tarifaço foram sentidos imediatamente nas bolsas de valores. Na sexta-feira (4), os principais índices da Ásia e da Europa encerraram o dia em forte queda, acompanhando o desempenho negativo das bolsas americanas. O mercado acionário dos EUA registrou perdas de 10% na semana, com mais de US$ 6 trilhões evaporando em apenas dois dias.
No Brasil, o dólar subiu 3% e fechou a R$ 5,83 — maior cotação em quase um mês —, enquanto o Ibovespa caiu quase 3%, refletindo o receio dos investidores sobre uma possível desaceleração econômica global.
Especialistas alertam que o cenário pode piorar caso outras economias decidam responder com mais tarifas, ampliando o risco de uma guerra comercial. Além disso, a pressão inflacionária nos EUA pode levar o Federal Reserve a aumentar novamente os juros, encarecendo o crédito globalmente e desestimulando o investimento em países emergentes.
A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos dos próximos dias. Em um mundo cada vez mais interdependente, decisões unilaterais como essa têm potencial de provocar impactos profundos e duradouros na economia global.
Sensação
Vento
Umidade