Na cidade de Kano, no norte da Nigéria, uma mãe está devastada após os produtos de clareamento de pele que usou em seus seis filhos deixarem cicatrizes permanentes. Fátima, que preferiu manter sua identidade anônima, relatou que, sob pressão de sua família e em busca de aceitação, passou a aplicar cremes clareadores em seus filhos. Agora, ela enfrenta a dor de ver suas crianças com queimaduras e manchas permanentes no rosto e no corpo, além do sofrimento psicológico causado pela discriminação social.
O clareamento da pele, uma prática comum em muitas partes da África, é amplamente adotado na Nigéria, onde 77% das mulheres utilizam produtos para clarear a pele, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses cremes podem conter substâncias perigosas como hidroquinona, corticosteroides, mercúrio e ácido kójico, que, se usados de forma inadequada, podem causar danos severos à pele e à saúde.
Fátima descreve a dor de ver seus filhos sofrerem não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, com o estigma social associado ao uso desses produtos. Sua filha de 16 anos, por exemplo, enfrenta discriminação ao ser chamada de usuária de drogas por causa das manchas na pele. Em muitos casos, mulheres e meninas que usam esses produtos acabam sendo rotuladas negativamente pela sociedade, o que pode afetar sua vida pessoal e social.
O mercado de cremes clareadores na Nigéria é grande e desregulamentado, com muitos vendedores oferecendo produtos sem controle adequado sobre os ingredientes e as dosagens. Alguns cremes, vendidos até para bebês, contêm substâncias proibidas para uso em crianças. O uso excessivo de hidroquinona e ácido kójico, por exemplo, pode provocar dermatite, acne, descoloração da pele, e até mesmo intoxicação por mercúrio, além de afetar os rins.
Apesar dos esforços das autoridades para educar a população sobre os riscos, o mercado ilegal de produtos de clareamento continua a crescer, alimentado pela crença de que a pele clara está associada à beleza, à riqueza e ao status social. A prática de clareamento de pele tem raízes profundas na cultura local, com muitas mulheres acreditando que "proteger" seus filhos dessa discriminação os ajudará a ter uma vida melhor.
Fátima, agora arrependida, compartilha sua história como um alerta para outros pais, especialmente aqueles que ainda acreditam que clarear a pele de seus filhos é uma solução para os preconceitos que enfrentam. Ela espera que sua experiência ajude a evitar que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento. "Mesmo que eu tenha parado... os efeitos colaterais ainda estão aqui. Peço a outros pais que usem minha situação como exemplo", diz ela, com a esperança de que sua dor possa servir de lição.
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