Mais de um ano após o início da emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN) na Bahia, apenas 8% da população conseguiu ter acesso ao novo documento. A novidade, que substitui o antigo RG e passa a utilizar exclusivamente o CPF como número de identificação, ainda enfrenta entraves logísticos, principalmente relacionados à dificuldade de agendamento nos postos da Rede SAC.
Segundo dados da Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb), desde julho de 2024, cerca de 1,2 milhão de baianos emitiram a nova carteira. Considerando a população estimada do estado — 14,8 milhões de habitantes, segundo o IBGE — o número representa apenas uma pequena parcela da população contemplada com o novo modelo.
Relatos de cidadãos que tentam há meses emitir a nova identidade se acumulam. A estudante de Direito Marianna Alves, de 23 anos, relata que só conseguiu o documento após monitorar frequentemente os canais de agendamento. “Era quase impossível achar vaga. O que me salvou foi acompanhar postagens no Twitter com alertas de horários abertos nos postos”, contou.
Já o estudante de Psicologia Pedro Nascimento, que esperou cerca de um ano para conseguir agendar, explicou que sua identidade antiga estava desgastada e desatualizada. “Demorei meses para conseguir uma vaga. Só agora, depois de muito insistir, consegui emitir a CIN”, disse.
Para a Saeb, o principal gargalo está na enorme procura, que muitas vezes não corresponde a uma necessidade imediata. Em nota, a secretaria afirmou que o interesse exagerado se deve, em parte, à novidade do documento, que atrai até quem ainda não precisa renovar a identidade.
“Já temos mais de 50 mil carteiras de identidade novas esquecidas nos postos. Isso mostra que nem todos que emitem estão, de fato, precisando com urgência do documento”, explicou a pasta.
Ainda segundo a Saeb, a capacidade de atendimento mensal da CIN na Rede SAC é de 151.120 agendamentos, número que tem crescido à medida que novas ações são implementadas para ampliar a emissão. Em comparação com o modelo antigo do RG, a CIN já registra um aumento de quase 75% na quantidade de atendimentos mensais.
Apesar das críticas, o governo da Bahia destaca que o estado foi o mais rápido do país a alcançar a marca de 1 milhão de CINs emitidas. O feito foi alcançado em maio de 2025, apenas 11 meses após o início da emissão. Para efeito de comparação, o estado do Piauí, referência no processo, levou mais de dois anos para atingir o mesmo volume.
Enquanto muitos tentam conseguir a nova identidade, a Saeb reforça que o modelo anterior do RG continua válido. Conforme o decreto federal nº 10.977/2022, o documento antigo pode ser utilizado normalmente até fevereiro de 2032. A recomendação, portanto, é que apenas quem realmente precise, por motivos legais ou administrativos, busque a emissão da CIN neste momento.
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