Mesmo com formação profissional e acadêmica, pessoas surdas continuam enfrentando barreiras para conseguir emprego em Feira de Santana. A denúncia foi feita por Elaine Figueiredo, presidente da Associação de Surdos do município, durante a Tribuna Livre da Câmara Municipal, na última quarta-feira (9).
Elaine, que é formada em Letras Libras pela UFBA e pós-graduada em Inclusão e Libras, destacou que muitos surdos que utilizam a Língua Brasileira de Sinais estão sendo preteridos por empresas locais, que preferem contratar pessoas com deficiência auditiva que conseguem se comunicar oralmente. “Isso é extremamente injusto. Somos constantemente excluídos simplesmente por nos comunicarmos em libras. Até quando vamos enfrentar essa barreira?”, questionou.
A representante da associação afirmou que a ausência de intérpretes de libras nas empresas e a falta de inclusão efetiva estão empurrando os surdos para a dependência de programas sociais, como o Bolsa Família. “Muitos são responsáveis pelo sustento de suas famílias, mas estão desempregados e enfrentam dificuldades para pagar contas básicas, como água e luz”, disse.
Elaine revelou que existem, atualmente, pelo menos 20 surdos com ensino superior em Feira de Santana, mas que não conseguem inserção no mercado de trabalho. O mesmo problema, segundo ela, ocorre em concursos e seleções públicas, como os processos via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda), nos quais as vagas acabam sendo preenchidas por ouvintes que dominam a libras, enquanto os surdos são deixados de fora.
“A situação exige mudanças urgentes na educação e no olhar das instituições sobre a comunidade surda. Queremos escolas bilíngues, professores preparados, e políticas públicas que nos incluam de verdade”, defendeu. Ela também criticou o funcionamento do Centro Inclusivo Colbert Martins, que, segundo ela, deveria acolher mais estudantes surdos, mas atualmente tem maioria de crianças ouvintes.
Em seu pronunciamento, feito em linguagem de sinais e traduzido por uma intérprete, Elaine finalizou com um apelo: “Somos uma comunidade com identidade, cultura visual e uma língua própria. Não somos deficientes, apenas diferentes na forma de nos comunicar. O que pedimos é respeito, acessibilidade e oportunidade”.
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