O ferryboat Juracy Magalhães, que operou na travessia Salvador-Itaparica por quase 46 anos, foi afundado de maneira controlada nesta sexta-feira (21) para a formação de um recife artificial na costa do bairro Rio Vermelho, em Salvador. A ação, realizada em parceria entre a Secretaria do Turismo da Bahia (Setur), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Marinha do Brasil, teve como objetivo estimular a biodiversidade marinha e fomentar o turismo subaquático na região.
Antes do afundamento, a embarcação passou por uma série de inspeções ambientais para garantir que não houvesse resíduos prejudiciais ao ecossistema. Segundo o biólogo Marcelo Peres, do Inema, estudos prévios analisaram a composição do solo marinho e a biodiversidade local. “Realizamos quatro vistorias para eliminar qualquer risco ambiental e remover espécies invasoras. Nossa expectativa é que, em cerca de um ano, a estrutura esteja completamente tomada por corais e outras formas de vida marinha”, explicou.
A criação de recifes artificiais a partir de embarcações naufragadas tem sido uma estratégia adotada pelo governo baiano desde 2020, quando foram afundados o ferryboat Agenor Gordilho e um navio de reboque. O secretário do Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, destacou que essa iniciativa contribui não apenas para o meio ambiente, mas também para o turismo. “Temos registros de naufrágios históricos na Baía de Todos-os-Santos, e queremos transformar Salvador no maior destino de mergulho urbano do mundo. A localização próxima ao litoral facilita o acesso, permitindo que mergulhadores iniciantes também possam vivenciar essa experiência única”, afirmou.
Com aproximadamente 800 toneladas e 71 metros de comprimento, o ferryboat Juracy Magalhães foi submerso a quatro quilômetros da costa, a uma profundidade de 30 metros, na região do Largo da Mariquita. A empresária e instrutora de mergulho Tania Corrêa destacou o impacto positivo da ação para o turismo. “Desde o afundamento do Agenor Gordilho, observamos um grande aumento na procura por mergulhos. Os recifes artificiais criam habitats para diversas espécies, algumas ameaçadas de extinção, tornando a experiência ainda mais enriquecedora para os mergulhadores”, ressaltou.
De acordo com a Setur-BA, o turismo de mergulho e atividades náuticas vêm crescendo significativamente no estado. Desde a última ação de afundamento, houve um aumento de aproximadamente 435% na busca por mergulhos na região, consolidando Salvador como um dos principais destinos para essa modalidade.
O ferryboat Juracy Magalhães iniciou suas operações em 5 de dezembro de 1972, conectando Salvador a Itaparica. Após décadas de serviço, foi retirado de circulação em 16 de novembro de 2018. Agora, sua nova função no fundo do mar contribuirá para a preservação ambiental e o desenvolvimento do turismo na região.
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