O governo federal deu início, nesta terça-feira (15), a uma série de reuniões com representantes da indústria e do agronegócio para discutir a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, deve entrar em vigor em 1º de agosto e já mobiliza ações diplomáticas e econômicas por parte do Brasil.
Pela manhã, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, abriu o encontro com representantes da indústria pedindo união e diálogo. “Vamos negociar com serenidade e firmeza, sempre respeitando os limites institucionais do nosso país. Não se trata apenas de uma questão comercial, mas de preservar empregos, investimentos e o equilíbrio das relações bilaterais”, afirmou.
No período da tarde, a pauta será debatida com empresários do agronegócio, outro setor que pode ser diretamente afetado pelas novas tarifas.
Alckmin classificou a decisão dos EUA como inadequada e reforçou a importância do setor produtivo nesse momento. “Precisamos da contribuição de todos vocês. O governo está aberto às sugestões e vamos construir uma resposta conjunta, tanto no campo diplomático quanto, se necessário, com medidas de reciprocidade”, declarou.
Comitê de resposta foi criado
A articulação será liderada pelo recém-criado Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, composto por representantes dos ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda, das Relações Exteriores e da Casa Civil. Outras pastas também foram convidadas para participar das tratativas.
O objetivo do comitê é coordenar os esforços para tentar reverter a medida norte-americana e, se necessário, preparar ações de retaliação previstas na nova Lei de Reciprocidade Econômica, regulamentada nesta terça-feira (15).
Segundo Alckmin, o Brasil já havia tentado uma saída negociada com os EUA ainda em maio, mas não obteve resposta. “Encaminhamos uma proposta formal no dia 16 de maio. Estávamos em conversas técnicas até pouco antes do anúncio das tarifas. A medida pegou mal até mesmo entre empresas americanas com negócios no Brasil”, disse o ministro.
Impactos no comércio bilateral
O governo brasileiro argumenta que não há superávit comercial do Brasil com os Estados Unidos que justifique a nova taxação. Pelo contrário: os dados mostram que, dos dez principais produtos exportados pelos americanos ao Brasil, oito entram com tarifa zero. “Essa decisão prejudica ambos os lados”, reforçou Alckmin.
O governo deve intensificar os contatos com empresas americanas interessadas na manutenção de uma relação comercial estável com o Brasil, especialmente nos setores siderúrgico, químico e agrícola
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