O uso da cannabis para fins medicinais tem se consolidado como uma alternativa viável no tratamento de diversas doenças, sobretudo aquelas de difícil controle com os medicamentos tradicionais. Pacientes com epilepsia refratária, dor crônica, distúrbios neurológicos e efeitos colaterais de tratamentos oncológicos estão entre os principais beneficiados pelas propriedades terapêuticas da planta.
De acordo com o neurologista Ivar Brandi, os estudos mais robustos envolvem o uso do canabidiol (CBD) em casos de epilepsias graves, especialmente em crianças. “É uma alternativa segura e eficaz, com melhora significativa da qualidade de vida desses pacientes”, explica. Brandi também cita aplicações em doenças como esclerose múltipla, fibromialgia, neuropatia diabética, glaucoma e Alzheimer.
A cannabis contém compostos com diferentes propriedades: os canabinoides não psicoativos, como o CBD e o canabigerol (CBG); os psicoativos, como o THC, utilizado para tratar insônia, dores intensas e perda de apetite; e os terpenos, que agem em conjunto potencializando os efeitos terapêuticos – o chamado "efeito comitiva".
Na prática clínica, médicos têm observado que a cannabis pode substituir com sucesso medicamentos como benzodiazepínicos e Zolpidem, oferecendo alívio para ansiedade e distúrbios do sono, com menor risco de dependência. Também tem sido eficaz no combate às náuseas e falta de apetite em pacientes submetidos à quimioterapia.
Apesar dos avanços, o tratamento com cannabis exige acompanhamento médico rigoroso. “Cada organismo responde de forma diferente. É fundamental iniciar com doses baixas e ajustar conforme a resposta clínica”, ressalta Brandi. Ele também alerta para interações medicamentosas, principalmente com anticonvulsivantes e ansiolíticos.
No Brasil, o uso da cannabis medicinal é regulamentado pela Anvisa. Produtos com até 0,2% de THC estão disponíveis em farmácias, mas formulações com maior concentração ainda dependem de importação, o que torna o tratamento mais caro e menos acessível.
O avanço da ciência e da regulamentação mostra que o debate sobre o uso medicinal da cannabis precisa ser contínuo, equilibrado e centrado no bem-estar do paciente.
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