A goleada sofrida para a Argentina por 4 a 1 colocou Dorival Júnior sob pressão e escancarou problemas na seleção brasileira. A equipe não demonstra evolução, e algumas escolhas do treinador vêm sendo contestadas. A seguir, analisamos sete fatores que comprometem o trabalho do técnico:
Dorival não estabeleceu um padrão tático definido. Alternou entre utilizar um centroavante e apostar em um esquema sem um camisa 9 fixo. O vai e vem de escolhas incluiu testes com Pedro, Endrick, Igor Jesus, João Pedro e Matheus Cunha, sem consolidar nenhuma das opções.
Além disso, o próprio treinador admitiu que a seleção foi planejada para atuar com Neymar, mesmo sem o jogador ter condições físicas de atuar regularmente.
O Brasil não conseguiu encontrar um substituto para Neymar, tanto tecnicamente quanto em termos de protagonismo. Jogadores como Rodrygo, Vinícius Júnior e Raphinha, que brilham em seus clubes, não assumiram esse papel na seleção. O próprio planejamento da equipe indicava uma forte dependência do craque, mesmo sem garantias de sua participação.
Mesmo tendo um tempo significativo de preparação antes da Copa América, a seleção não demonstrou evolução. A eliminação para o Uruguai nas quartas de final deixou evidente a falta de um plano de jogo consistente. Curiosamente, após insistir em um esquema sem centroavante, Dorival passou a destacar a importância de um camisa 9 após o fracasso.
Dorival apostou em renovação e convocou diversos jogadores novos, mas não encontrou soluções efetivas. Nenhum dos atletas menos experientes conseguiu se firmar como peça-chave da equipe. Diferentemente de Tite, que descobriu Raphinha atuando no Leeds, Dorival não conseguiu revelar novos protagonistas.
O treinador variou apenas entre formações com um centroavante ou um falso 9, sem testar um meio-campo mais reforçado ou um esquema com três zagueiros. A falta de alternativas ficou evidente no confronto contra a Argentina, quando a seleção foi amplamente dominada no setor de meio-campo.
Nas laterais, o treinador fez vários testes sem encontrar soluções. Jogadores como Vanderson e Wesley foram usados na direita, enquanto Guilherme Arana teve dificuldades pela esquerda.
Mesmo convocando jovens promissores, Dorival não lhes deu sequência. O caso mais evidente é o de Endrick, que oscilou entre ser titular e não ser convocado. Ao retornar, foi utilizado apenas nos minutos finais da goleada sofrida contra a Argentina.
Outros jovens, como Estevão, também tiveram poucas oportunidades, reduzindo as chances de desenvolver novos protagonistas para a seleção.
As decisões do treinador muitas vezes pareceram inconsistentes. Em um momento, Dorival justificou a não convocação de Endrick pela falta de minutos no Real Madrid, mas depois chamou o jogador mesmo com ele ainda na reserva. Após destacar a necessidade de um centroavante, deixou de convocar um camisa 9 em algumas listas.
Jogadores como Igor Jesus e Luiz Henrique passaram rapidamente de titulares a não serem sequer lembrados, enquanto outros foram chamados sem uma explicação clara de critérios.
Dorival Júnior enfrenta um momento de pressão na seleção brasileira, e sua permanência no cargo depende de uma reestruturação tática e de uma maior consistência em suas decisões. Com as Eliminatórias em andamento e a Copa do Mundo no horizonte, a seleção precisa encontrar um caminho para retomar sua identidade e competitividade.
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