Nesta segunda-feira (24), os representantes dos Estados Unidos e da Rússia deram início a uma nova etapa das negociações, com o objetivo de alcançar um cessar-fogo parcial na guerra da Ucrânia. As conversas acontecem um dia após uma delegação dos EUA se reunir com o governo ucraniano em Riade, na Arábia Saudita, enquanto os combates continuavam intensos no campo de batalha.
O principal foco da reunião em Riade é não apenas avançar na proposta de cessar-fogo, mas também negociar uma trégua para os ataques no Mar Negro, região estratégica onde Rússia e Ucrânia disputam territórios, incluindo a Crimeia, que foi anexada por Moscou em 2014.
De acordo com o Kremlin, os técnicos russos e americanos irão discutir os detalhes do acordo, mas a questão do Mar Negro também será abordada durante os diálogos. A reunião começou por volta das 07h30 (hora local) e continuava em andamento até a última atualização da reportagem.
Além disso, no domingo, os EUA mantiveram discussões com autoridades ucranianas, lideradas pelo ministro da Defesa de Kiev, Rustem Umerov. O ministro classificou a reunião como "produtiva e específica", com foco principalmente em questões de energia. Por sua parte, o enviado dos EUA, Steve Witkoff, expressou otimismo, mencionando que espera "avanços significativos" com os russos, especialmente no que tange à situação no Mar Negro.
Enquanto as negociações aconteciam, drones russos realizaram ataques em Kiev, resultando na morte de sete pessoas na capital ucraniana. A situação evidenciou a tensão persistente, mesmo durante o processo de diálogo.
Desafios nas negociações
Embora as conversas estejam em andamento, o Kremlin minimizou as expectativas de uma solução rápida. Dmitri Peskov, porta-voz do governo russo, afirmou que a situação é extremamente complexa e que há muitos pontos pendentes para alcançar um cessar-fogo definitivo. Ele destacou que o presidente Vladimir Putin rejeitou um apelo conjunto dos EUA e da Ucrânia para uma pausa de 30 dias nos ataques, propondo apenas a interrupção dos ataques às instalações do setor de energia.
A Rússia também mencionou a possibilidade de retomar um acordo de 2022 sobre a exportação de grãos pelo Mar Negro, um tema importante, dado o impacto global da guerra na produção de alimentos. O Kremlin abandonou este acordo em 2023, após alegar que as potências ocidentais não haviam cumprido compromissos relacionados à flexibilização das sanções sobre exportações agrícolas russas.
Do lado ucraniano, uma fonte do governo afirmou que Kiev buscará um cessar-fogo mais amplo, envolvendo a interrupção de ataques a instalações de energia, infraestrutura e ataques navais. A tensão permanece alta, com ataques de drones realizados por ambas as partes durante o fim de semana.
Aumento da pressão internacional
Além das negociações, a pressão sobre Moscou continua a crescer. Autoridades ucranianas relataram que um ataque russo com drones matou três civis em Kiev no sábado, incluindo uma criança de cinco anos. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu aos aliados de seu país que intensifiquem a pressão sobre a Rússia para pôr fim aos ataques e à guerra.
Apesar das dificuldades, o Kremlin segue reafirmando a importância do diálogo, com Peskov afirmando que, embora as divergências existam, é possível encontrar benefícios mútuos através da cooperação. "Podemos discordar em alguns pontos, mas isso não significa que devemos abrir mão das vantagens que uma colaboração construtiva pode trazer", concluiu Peskov.
O cenário continua incerto, mas o diálogo em Riade oferece uma nova esperança para a busca de uma solução para o conflito, com o mundo observando atentamente os desdobramentos dessa importante rodada de negociações.
Sensação
Vento
Umidade