O governo dos Estados Unidos anunciou que poderá impor "sanções novas, severas e progressivas" contra a Venezuela caso o presidente Nicolás Maduro se recuse a aceitar voos de deportação de imigrantes venezuelanos. O aviso foi feito pelo Departamento de Estado norte-americano nesta quinta-feira (20).
A tensão aumentou após os EUA deportarem mais de 200 pessoas identificadas como membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, que foram enviadas para El Salvador no último domingo (16). No país, os deportados foram encaminhados para um presídio de segurança máxima, conforme informou o presidente salvadorenho, Nayib Bukele.
A operação de deportação ocorreu apesar de um juiz federal de Washington, D.C., ter bloqueado, no sábado (15), a aplicação da "Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798" por um período de 14 dias. Segundo o magistrado, o estatuto só poderia ser usado em casos de "atos hostis" equivalentes a uma declaração de guerra entre nações.
A ação dos EUA contou com um acordo firmado entre o governo do ex-presidente Donald Trump e Bukele, no qual os EUA teriam pago US$ 6 milhões por um ano para manter imigrantes em um presídio salvadorenho. Esse tipo de arranjo não seria viável com a Venezuela, devido às tensões entre os países.
Na última sexta-feira (14), Trump invocou a lei de guerra para acelerar a deportação de supostos membros do Tren de Aragua, organização criminosa conhecida por crimes como extorsão, sequestros e assassinatos encomendados. O governo venezuelano criticou a medida e classificou a legislação americana como "anacrônica" e violadora dos direitos dos imigrantes.
A Lei de Inimigos Estrangeiros já foi aplicada em períodos históricos sensíveis, como a Primeira Guerra Mundial, a Guerra de 1812 e a Segunda Guerra Mundial, sendo usada para justificar campos de internamento de cidadãos de origem japonesa, alemã e italiana. Seu uso atual gerou críticas de grupos de direitos civis e de membros do Partido Democrata.
Enquanto o governo Maduro resiste à pressão dos EUA, a administração americana segue avaliando novas sanções, caso a Venezuela não aceite receber seus cidadãos deportados. O impasse pode intensificar ainda mais a já conturbada relação entre os dois países.
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