O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou irritação com entrevistas do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, e disse que deve ser o candidato da sigla para 2026, ou "vai jogar a toalha" caso fique inelegível.
O que aconteceu
Antes de ser questionado pelo entrevistador, Bolsonaro disse que viu uma entrevista e que é "difícil", porque não pode conversar com Valdemar. Desde fevereiro, o ex-presidente está impedido de falar com outros envolvidos no inquérito que investiga a tentativa de um golpe de Estado para mantê-lo na Presidência. As declarações foram em entrevista à rádio Auriverde Brasil nesta quarta (16).
"Eu sei que não sou nada no partido, agradeço muito o Valdemar por ser presidente de honra, mas candidato para 2026 é Jair Messias Bolsonaro", diz ele à rádio. Em entrevista à GloboNews, o presidente do PL disse que "o primeiro da fila é Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], mas temos o Eduardo Bolsonaro também", ao ser questionado sobre o nome da direita para as próximas eleições.
Ex-presidente também afirmou que, se continuar inelegível, vai "jogar a toalha" e "cuidar de sua vida". "Se for avante essa inelegibilidade, se continuar valendo, eu jogo a toalha, não acredito mais no Brasil, no meu país que tanto amo, adoro, dou minha vida por ele, mas é realmente inacreditável", declarou.
"Se isso [inelegibilidade] continuar valendo, eu só tenho um caminho: cuidar da minha vida."
Jair Bolsonaro
Bolsonaro está inelegível até 2030, condenado por abuso de poder político e econômico, e uso indevido dos meios de comunicação. Ele convocou há dois anos uma reunião com embaixadores em que atacou, sem provas, a credibilidade do sistema eleitoral. O evento foi transmitido pela estatal TV Brasil. Ele também foi condenado por uso eleitoral das comemorações do Dia da Independência em 2022.
Outras discordâncias
O ex-presidente também defendeu a expulsão dos deputados federais Pastor Gil e Josimar do Maranhãozinho, denunciados por corrupção, ambos do PL. "Não mando em nada aqui, mas não tem clima do nosso pessoal permanecer no partido, se passam a mão na cabeça de marginais", falou. "Esses deputados continuando no partido, a gente não tem como realmente falar que o PL é um partido diferente."
Ele pareceu responder a declarações de Valdemar Costa Neto ao jornal O Globo, publicadas nesta quarta (16). "Há lugares no Brasil, como no Maranhão, onde não há esquerda e direita. Há gente com fome. Vamos ter de trazer esse pessoal para ganhar a eleição. Trazer não é difícil. O duro é o Bolsonaro e o pessoal da extrema direita aceitar. Eles não querem", disse o chefe da sigla. "Vai encontrar bolsonarista onde no Maranhão?"
"'Ah não tem bolsonarista lá'. Quer dizer que não tem pessoas honestas no Maranhão?", rebateu Bolsonaro. "Temos como fazer no Maranhão quatrocentos deputados federais que vão orgulhar o estado, o partido e o Brasil. Eu não posso entender alguém falar [...] que não tem bolsonarista no Maranhão."
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