Um novo projeto-piloto em Pernambuco está testando um protocolo inovador para o controle da doença de Chagas, focado em levar o diagnóstico e tratamento até os pacientes em suas próprias cidades. A iniciativa acontece no Sertão do Pajeú, região com alta prevalência da doença, e visa descentralizar os atendimentos que hoje são concentrados em centros especializados, como a Casa de Chagas, no Recife.
A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é uma enfermidade silenciosa que pode evoluir para quadros graves, especialmente cardíacos, causando cerca de 4,5 mil mortes por ano no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde. O grande desafio está na detecção precoce, já que a infecção inicial não apresenta sintomas claros.
Para acelerar o diagnóstico, o projeto utiliza testes rápidos aplicados em cerca de mil pessoas nos municípios de Triunfo e Serra Talhada, revelando uma taxa de positividade de 9%, acima da média nacional que varia entre 2% e 5%. Estes testes oferecem resultados em minutos, diferente dos exames convencionais, que demoram até 45 dias para serem liberados.
Após a confirmação dos casos por meio de sorologia, os pacientes poderão iniciar o tratamento próximo de suas residências, evitando longas viagens que, muitas vezes, chegam a centenas de quilômetros até os centros especializados. O tratamento, realizado com medicamentos por um período de 60 dias, tem maior chance de sucesso quando iniciado precocemente.
O projeto é liderado pelo médico Wilson Oliveira, da Casa de Chagas, que destaca a importância da descentralização para garantir maior adesão ao tratamento e redução de complicações crônicas. A iniciativa conta com parceria da Novartis Brasil, que pretende expandir o programa para outras regiões endêmicas do país.
A doença de Chagas, frequentemente associada a condições de pobreza e habitações precárias, ainda é negligenciada, com baixo índice de diagnóstico e tratamento. Por isso, ações como essa são essenciais para aumentar a detecção precoce, ampliar o acesso aos cuidados e reduzir o impacto da doença na população mais vulnerável.
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