A cúpula do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter o foco no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar dar um golpe de Estado, e não reagir de forma exacerbada à recente sanção imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ministro Alexandre de Moraes. A orientação interna é clara: evitar cair em provocações e concluir o processo com sobriedade e firmeza institucional.
Trump sancionou Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos em decisões judiciais no Brasil, especialmente relacionadas à atuação do magistrado no combate à desinformação nas redes sociais e na condução do processo que apura o envolvimento de Bolsonaro em uma tentativa de ruptura institucional.
Entre os ministros da Corte, a percepção é unânime: a reação americana tem intenção política e serve como cortina de fumaça para desviar o foco do julgamento, que está prestes a ser finalizado. Segundo fontes do STF, a estratégia da família Bolsonaro seria provocar confusão e tensão institucional para fragilizar a conclusão do processo.
Na abertura do segundo semestre do Judiciário, nesta sexta-feira (1º), a expectativa é que os discursos dos ministros tenham tom firme, porém equilibrado. Devem se pronunciar o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, o ministro decano, Gilmar Mendes, e Alexandre de Moraes — sem prejuízo de falas adicionais de outros magistrados.
Ministros ressaltam que o momento exige prudência, e não reações desproporcionais. O objetivo é preservar a credibilidade do Judiciário diante de ataques internacionais e pressões internas.
Caso Bolsonaro seja condenado, ministros acreditam que a pressão migrará para o Congresso Nacional, onde já se articula, nos bastidores, uma possível tentativa de anistia. Por isso, há expectativa de uma postura mais firme dos presidentes da Câmara e do Senado em defesa das instituições.
A nota publicada pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), em resposta à sanção a Moraes, foi vista como excessivamente moderada. Parlamentares ligados a Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), chegaram a ameaçar incluir Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na lista de alvos de Trump.
Na noite de quinta-feira (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros do STF, entre eles Barroso e Moraes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O encontro serviu como gesto de solidariedade ao ministro atingido pelas sanções e reafirmação do compromisso com a soberania e independência do Brasil.
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