O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou neste sábado (19) que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificou condutas ilícitas após a imposição de medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Em decisão encaminhada à Polícia Federal (PF), Moraes determinou que postagens e entrevistas recentes do parlamentar sejam incluídas no inquérito que investiga crimes como obstrução de Justiça e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo o despacho, Eduardo passou a atacar o STF nas redes sociais e a se envolver em ações para tentar pressionar autoridades internacionais contra instituições brasileiras. Para Moraes, há indícios de que o filho do ex-presidente atua em articulações no exterior para convencer o governo norte-americano a impor sanções ao Brasil — comportamento que pode configurar coação no curso do processo.
Na sexta-feira (18), Jair Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica, após decisão de Moraes confirmada pela Primeira Turma do Supremo. Ele está proibido de sair de casa à noite e aos fins de semana, além de não poder manter contato com o filho Eduardo, com embaixadores estrangeiros ou se aproximar de representações diplomáticas.
O ex-presidente também foi alvo de mandados de busca e apreensão. Agentes da PF encontraram US$ 14 mil, R$ 8 mil em espécie e um pen drive escondido em um banheiro de sua casa. A investigação apura supostas tentativas de intimidação ao STF e ações de bastidores para interferir em processos judiciais.
A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República apontaram risco de fuga por parte de Bolsonaro, destacando que ele teria enviado R$ 2 milhões ao filho para se manter nos Estados Unidos, onde Eduardo Bolsonaro estaria atuando para obter apoio político a favor do pai.
O caso ganhou contornos internacionais após o presidente americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Segundo ele, a medida é uma resposta à “perseguição política” sofrida por Bolsonaro, alegação sustentada por publicações feitas por Eduardo em suas redes sociais.
O próprio STF viu como parte dessa articulação a recente decisão dos EUA de revogar o visto de Moraes, seus familiares e de outros ministros da Corte. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade ao Judiciário brasileiro e criticou a medida americana.
Ao sair da instalação da tornozeleira em Brasília, Bolsonaro declarou que está sendo vítima de uma tentativa de “suprema humilhação” e negou qualquer intenção de deixar o país. Sua defesa classificou as medidas como “desproporcionais” e “injustificadas”, alegando que o ex-presidente tem colaborado com todas as determinações judiciais.
Enquanto isso, o inquérito segue em andamento no STF, com expectativa de novos desdobramentos nas próximas semanas, especialmente sobre o envolvimento de Eduardo Bolsonaro nas articulações diplomáticas denunciadas pela PF.
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