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Mujica/Funeral

Uruguai se despede de José Mujica em funeral marcado por emoção e reverência

Mujica é homenageado em funeral emocionante com bandeiras e aplausos

16/05/2025 11h54
Por: Diário da Feira
Fonte: G1 Mundo
Foto: Pablo Porciuncula/AFP
Foto: Pablo Porciuncula/AFP

O Uruguai viveu nesta quinta-feira (15) um momento de grande comoção nacional com o encerramento do funeral de José "Pepe" Mujica, ex-presidente e figura histórica da esquerda latino-americana. A despedida foi marcada por um gesto simbólico: sua esposa, Lucía Topolansky, abraçou com emoção as bandeiras que cobriam o caixão, em um ato que comoveu os presentes.

O corpo de Mujica foi velado por mais de 24 horas no Palácio Legislativo, com entrada liberada ao público. Milhares de uruguaios e admiradores de diferentes partes da América Latina prestaram homenagens. O caixão foi posicionado nas escadarias do prédio e aplaudido por uma multidão silenciosa e respeitosa, antes das bandeiras serem dobradas e entregues à viúva.

A cerimônia teve o encerramento adiado em duas horas para que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Gabriel Boric, do Chile — que estavam em viagem oficial à China — pudessem prestar suas homenagens. Em seu discurso, Lula destacou a grandeza de Mujica, lembrando seu período de prisão e sua capacidade de perdoar os que o torturaram. "As ideias de Mujica não morrem. Ele plantou esperança onde havia dor", afirmou.

Segundo a imprensa uruguaia, o corpo de Mujica será cremado nesta sexta-feira (16), e as cinzas serão depositadas na chácara onde viveu, nos arredores de Montevidéu, ao lado da cadela Manuela, sua companheira por anos.

Um líder popular e coerente

Nascido em 1935, Mujica integrou a guerrilha Tupamaros nos anos 1960 e passou 14 anos preso durante a ditadura uruguaia, sofrendo torturas e isolamento. Anistiado em 1985, tornou-se uma das principais figuras da política uruguaia, ajudando a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), partido de esquerda que mais tarde se uniu à Frente Ampla.

Foi eleito deputado, senador e, em 2005, ministro da Agricultura. Em 2010, assumiu a Presidência do Uruguai. Durante seu governo, ampliou os gastos sociais, valorizou o salário mínimo e promoveu pautas progressistas como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto.

Mujica ficou conhecido internacionalmente por sua simplicidade: morava em uma pequena chácara, dirigia um Fusca e doava a maior parte do salário para causas sociais. Após deixar o Senado em 2020 por motivos de saúde, passou os últimos anos cultivando sua horta e evitando os holofotes.

Legado de valores e humanidade

Ícone da política humanista, Mujica deixa um legado de coerência entre discurso e prática. O atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, decretou luto oficial de três dias e suspendeu serviços públicos não essenciais. Bandeiras foram hasteadas a meio-mastro em todo o país.

Políticos de diferentes espectros ideológicos, inclusive antigos adversários, prestaram respeito ao líder. “Tivemos divergências, mas é preciso reconhecer a grandeza de sua trajetória”, afirmou o ex-presidente Luis Alberto Lacalle de Herrera.

Aos 89 anos, Mujica enfrentava um câncer no esôfago. Sua despedida emocionou o Uruguai e reafirmou o que ele representa: um símbolo de resistência, humanidade e compromisso com os mais humildes.

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