O ministro Alexandre de Moraes afirmou nesta terça-feira (9) que a tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro está comprovada, cabendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar a participação dos demais réus na trama.
Durante seu voto, Moraes destacou pelo menos 13 atos executórios que evidenciam a organização criminosa, caracterizada por ações coordenadas e planejadas com o objetivo de manter Bolsonaro no poder. Entre os atos citados estão uma reunião ministerial, duas lives, uma entrevista e o discurso do 7 de setembro de 2021, Dia da Independência Nacional.
Segundo o ministro, o plano visava “a restrição ou anulação, mediante grave ameaça, do Poder Judiciário, em especial do STF e do Tribunal Superior Eleitoral, para eliminar o sistema de freios e contrapesos”. Moraes ressaltou que o ex-presidente deixou claro, em público, que não aceitaria uma derrota democrática, reforçando a intenção de perpetuar o grupo político no poder.
O relator apontou elementos que evidenciam a execução do golpe ainda em 2021, incluindo anotações na agenda do general Augusto Heleno e dados de um celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Também foram destacados usos irregulares da estrutura da Abin para monitoramento de adversários políticos, sem qualquer indício de fraude nas urnas eletrônicas, comprometendo a legitimidade das eleições.
O julgamento na Primeira Turma do STF, que começou na semana passada, avaliará Bolsonaro e mais sete aliados por participação no núcleo central da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre os crimes investigados estão organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e grave ameaça.
As sessões de votação estão programadas para os dias 9 a 12 de setembro, com a expectativa de definir a condenação ou absolvição dos réus.
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin;
Almir Garnier – ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça;
Augusto Heleno – ex-ministro do GSI;
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e candidato a vice em 2022;
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Ramagem responde atualmente apenas a três dos cinco crimes, devido a suspensão prevista na Constituição, relacionada a atos de 8 de janeiro.
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