A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) após ser alvo de declarações consideradas machistas e ofensivas por parte de senadores. Convidada para falar sobre a criação de áreas de conservação na região Norte, Marina afirmou ter sido agredida enquanto exercia sua função pública.
O episódio mais grave envolveu o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que, ao iniciar sua fala, declarou querer "separar a mulher da ministra", afirmando que a mulher "merecia respeito" e a ministra, não. Diante da fala, Marina exigiu um pedido de desculpas. Como não houve retratação, decidiu se retirar da sessão.
Durante a audiência, a ministra também foi constantemente interrompida pelo presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), que cortou seu microfone e afirmou que ela deveria “se pôr no seu lugar”. Marina reagiu: “O que o senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou. Eu vou falar”.
A sessão tratava de temas como o licenciamento ambiental e a criação de unidades de conservação na Margem Equatorial, área de interesse da Petrobras para exploração de petróleo. Marina negou que a proposta tenha sido feita para inviabilizar empreendimentos e afirmou que o debate ocorre desde 2005.
Outro ponto polêmico abordado foi o asfaltamento da BR-319. O senador Omar Aziz (PSD-AM) acusou Marina de impedir o avanço da obra, ao que ela respondeu dizendo estar sendo usada como “bode expiatório”.
A ministra também foi responsabilizada por parte dos senadores pelo atraso no avanço do projeto de lei que altera as regras de licenciamento ambiental, aprovado recentemente no Senado e agora em análise na Câmara. Marina pediu mais tempo para discussão pública, argumentando que o texto não foi suficientemente debatido.
Após o ocorrido, a ministra recebeu apoio da primeira-dama Janja da Silva e de outras ministras, que classificaram os ataques como violência de gênero e política. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, pediu providências institucionais contra os responsáveis.
Ao falar com a imprensa, Marina concluiu: “Não vou aceitar que usem minha condição de mulher para me desrespeitar como ministra. Fui convidada para exercer meu trabalho técnico e é isso que vim fazer.”
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