Três "sonhos" para consolidar o desenvolvimento de Feira de Santana no cenário nacional. As ideias, consideradas "cruciais" para o futuro da cidade, foram apresentadas à Câmara pelo ex-reitor da UEFS e ex-secretário municipal de Educação, Josué Mello, 88 anos de idade, que recebeu na noite de ontem, em concorrida e histórica sessão solene, a Comenda Maria Quitéria, mais importante honraria do Poder Legislativo. 

A presidente da Casa, Eremita Mota (PSDB), comandou a cerimônia. No mesmo encontro,  a esposa de Josué, a professora Tecla Dias de Oliveira Mello,  foi igualmente agraciada com esta honraria e recebeu também o título de Cidadã Feirense. A iniciativa das homenagens ao casal partiu do vereador Luiz Augusto de Jesus (UB), o Lulinha, que fez um resumo da trajetória de vida, currículo e realizações dos novos comendadores. 

Ex-candidato a prefeito que perdeu a disputa para José Falcão da Silva, em 1996, Josué apelou aos vereadores por "compartilhar" de suas propostas e lutar para  vê-las implementadas. Uma delas é a integração de Feira de Santana - seria a primeira no interior do Norte e Nordeste do país  - ao elenco das  "cidades educadoras", projeto de nível global com origem em Barcelona e que agrega 500 municípios no mundo, 31 destes brasileiros. 

Oferecendo formação sobre valores e práticas de cidadania, prepara e habilita os associados a captar recursos para a educação em suas mais variadas vertentes. A "convocação" foi testemunhada pela atual titular da pasta municipal de Educação, Anaci Paim, que participou da Mesa de Honra representando o prefeito Colbert Filho. 

O segundo propósito anunciado por Josué é a execução de um projeto de desenvolvimento sustentado para o Município, que apresentou em sua  campanha para prefeito há quase duas décadas passadas. Faz parte deste ideal um  grande centro cultural em Maria Quitéria e a ampliação do São João de São José, seguindo modelo adotado por  Campina Grande, onde, ele informou, 18% do PIB é oriundo das suas festas populares. 

Por último,  propõe, "urge pensar" em uma universidade federal em Feira de Santana, focada na tecnologia,  produção do conhecimento científico, semi-árido brasileiro. Para esta finalidade, o Instituto de Educação e Desenvolvimento (antigo SIM - Serviço de Integração de Migrantes), que ele preside, doaria, com anuência da Prefeitura e Câmara de Vereadores, 50 mil metros quadrados de sua área, com toda infraestrutura e prédios construídos.

Em outra parte do seu discurso, Josué relatou sobre o crescimento de Feira, cidade que ele conheceu com 120 mil habitantes em meados da década de 60 - chegaram ele e a esposa, aqui, em 1965 -, hoje com uma população de quase 620 mil pessoas. Elogiou o "primeiro Plano Diretor da América Latina" elaborado pelo prefeito João Durval e o Centro de Educação Inclusiva, em construção, pelo atual Governo.  

Também alertou para  demandas que afligem o feirense, a exemplo da duplicação de avenidas que surgiram nos últimos anos em grandes vetores urbanos,  melhorias no Centro de Abastecimento, avanços no transporte coletivo, modernização do aeroporto e a necessidade de um amplo centro de convenções.

Ao finalizar seu pronunciamento, o pastor presbiteriano, Cidadão Feirense desde 1983 por reconhecimento da Câmara, já condecorado pela Casa com a Medalha Áureo Filho - dedicada a educadores de destaque - e grão-mestre da Ordem do Mérito Municipal, disse que, em seu trabalho religioso, ecumênico, almejou "quebrar muros", unindo evangélicos e católicos em causas do interesse do povo. 

Ao destacar os méritos de sua esposa Tecla, 87 anos, para as homenagens que lhe são prestadas pelo Legislativo, o sergipano de Lagarto, com mais de meio século vivendo na Princesa do Sertão, agradeceu "por todas as oportunidades que esta cidade nos proporcionou". O arremate emocionou a plateia, que o aplaudiu de pé:  "escolhemos  Feira para viver. E ama-la".