Publicada em 26/07/2023 ás 10:26:24
O desejo de entender os aspectos da sociedade, mas não
encontrar programas voltados para estudantes do ensino médio pesquisarem sobre
o tema na Bahia, inspirou a baiana Júlia Carolina Carvalho, de 18 anos, a
trabalhar para reverter esse quadro. No ano passado, ela criou um projeto que
garante o acesso de alunos de escolas públicas de todo o país à pesquisa
científica, conectando-os com universitários, mestres e doutores.
Batizado de Iniciativa Logos, em menos de um ano, o projeto
já conectou 20 mentores com 30 estudantes e chamou a atenção da organização
internacional sem fins lucrativos Ashoka, que busca destacar lideranças sociais
no mundo inteiro. Por causa desse reconhecimento, Júlia foi selecionada para a
turma de Jovens Transformadores da Ashoka 2023, e foi apresentada como uma
jovem transformadora no Festival LED – Luz na Educação, realizado no Museu do
Amanhã, no Rio de Janeiro, em junho deste ano.
O projeto nasceu a partir da experiência de Júlia como
estudante no Colégio Militar de Salvador, diante da dificuldade de encontrar
grupos de iniciação científica na instituição, na cidade e até mesmo na Bahia,
principalmente de Ciências Sociais, Economia e Política. A melhor oportunidade
que ela encontrou para se aprofundar nesses temas foi em um programa de
iniciação científica internacional, do qual precisou trabalhar um ano para
juntar o dinheiro necessário para participar.
Com a ajuda dos colegas Felipe Pimenta e Maria Dulce, se
inspirou nas iniciativas de fora e buscou parcerias para que mais estudantes
tivessem a mesma oportunidade, de forma gratuita, principalmente no interior do
estado. A Fundação Anísio Teixeira abraçou o projeto e, juntos, a instituição e
a Logos passaram a oferecer, em agosto do ano passado, um curso de iniciação
científica on-line, em que os participantes recebem aulas semanais e mentoria
individual para produzirem um artigo acadêmico com temas voltados aos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Além disso, o projeto da baiana conta com um programa de
multiplicadores formado por 10 estudantes de escolas do Norte e interior do
Nordeste, escalados para falarem sobre iniciação científica onde o assunto
geralmente recebe pouco destaque. Outra ação realizada na Logos é ajudar
gestores de escolas públicas a criarem núcleos de iniciação científica. A
iniciativa também está com inscrições abertas para a primeira Premiação Logos,
que pagará até R$ 1 mil para projetos de pesquisa de estudantes do nono ano do
ensino fundamental ao primeiro ano de faculdade, de instituições públicas e
privadas.
“Quero que os estudantes encontrem menos barreiras para
serem pesquisadores. Também percebi que gosto de uma educação diferente do
método tradicional de ensino, que dê ferramentas para pensar o mundo
efetivamente. Para mim, a política e a economia são conhecimentos que ensinam
sobre o mundo, mas também permitem que você o mude”, declara Júlia.
O curso está no terceiro ciclo e conta com estudantes de diversas partes do país, como Rondônia, Pará, São Paulo e Goiás, além da Bahia. “Participando da Logos, percebi que os atos de questionar e observar são naturais. E poder transformar isso em um artigo de forma produtiva foi uma grande oportunidade para mim. Estou prestes a entrar na faculdade e agora sei como fazer um artigo. É uma experiência que considero importante porque democratiza esse tipo de aprendizado”, avalia a estudante Helena Vahalla, 17, de Cipó, no interior da Bahia, a 257 km de Salvador.
Por Diário da Feira via Correio
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