Publicada em 26/06/2023 ás 18:07:11
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), defendeu nesta segunda-feira (26) a necessidade de uma reforma
política no país. Segundo ele, as discussões foram ofuscadas pela conversa
sobre a reforma tributária. Tarcísio está em Portugal para participar do 11º
Fórum Jurídico de Lisboa.
No painel “Riscos para o Estado de Direito e Defesa da
Democracia”, afirmou que o Brasil tem “um Estado Democrático de Direito
vibrante e que está caminhando na direção certa”. Conforme o governador, é
preciso avançar na criação de mecanismos para aferir a vontade da população,
expressada pelo voto, e evitar que o Brasil viva uma “crise de
representatividade”.
“Precisamos fazer uma reforma política para que a gente
tenha uma representação mais orgânica”, disse. “A gente não vê ninguém falando
em reforma política no Brasil”, declarou.
Em entrevista a jornalistas depois do painel, o governador
avaliou que “pode ser que, em algum momento, a população não se sinta
representada” por seus governantes. “Eu entendo que a reforma política pode
trazer esses sentimentos de representação de volta, principalmente quando a
gente quer aperfeiçoar a democracia representativa, instituindo, por exemplo, o
voto distrital misto.”
Sobre a reforma tributária, Tarcísio declarou que “tem
muitos pontos para serem revistos”. E disse: “Acho que nós temos que trabalhar
o relatório que foi apresentado”. E concluiu: “Nós temos contribuições a
oferecer.”
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
também esteve no evento. Ele disse ver uma mudança na ordem política global que
disputa com a hegemonia exercida por Europa e Estados Unidos. Hoje, segundo
ele, há um deslocamento de poder para Ásia –algo que classificou como um risco
para a democracia mundial.
O ministro também falou sobre o papel das redes sociais e
da IA (Inteligência Artificial) na democracia e na defesa do Estado de Direito.
Dino questionou se as mídias trazem “libertação e emancipação” ou podem, em
certa medida, transformar todos em “escravos” dos algoritmos, do consumismo
exacerbado e do controle de ideias. Segundo ele, a IA apresenta um risco, pois
não é “isenta de vieses”.
“E esses vieses ganham materialidade quando penetram na
consciência das pessoas”, disse Dino. “Não podemos abrir mão da regulação”,
afirmou, questionando o motivo pelo qual se aceita que a IA e algoritmos “podem
fazer qualquer coisa” e “qualquer tentativa de regulação é classificada como
censura”.
A capacidade de o mercado se autorregular representa, para
o ministro, um perigo para o Estado de Direito, assim como o que classificou
como “o fim da convergência ao centro” e o fortalecimento do extremismo
político.
Segundo Dino, há um aparato institucional que disciplina os extremos. Esse mecanismo funcionou quando “o extremista favorito de alguns” tentou agir, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas. Mas, conforme o ministro, esses aparatos “podem falhar”.
Por Diário da Feira via Poder 360
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