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[Bahia] Embalagens de lixo internacional de quase 20 países são recolhidas em praia paradisíaca na Bahia


Publicada em 03/06/2023 ás 17:15:36
Terra da Gente
Litoral Norte da Bahia tem sido destino do lixo internacional

Mais de 500 embalagens de lixo internacional de quase 20 países foram recolhidas na praia paradisíaca de Imbassaí, na cidade de Mata de São João, que fica na Região Metropolitana de Salvador, no mês de abril. Os resíduos tem sido recolhidos pelo projeto "Imbassaí natural".

A situação tem preocupado moradores e educadores ambientais como o uruguaio Mathias Ferreira, que atua na limpeza da praia e tem recolhido e catalogado o lixo.

“Eu saio todo dia, voluntariamente, para retirar os resíduos da praia de Imbassaí. Faço a coleta diariamente e retiro os sacos de resíduos”, contou o morador.

A atuação de Mathias Ferreira não é de agora. Ele já recolheu lixos no litoral de vários estados brasileiros. Além da limpeza diária, em alguns finais de semana, ele ainda busca pessoas para ajudar em mutirões.

“A maioria dos resíduos que eu encontro são garrafas pet, embalagens de shampoo e de alimentos enlatados. Aqui na praia eu já encontrei algo muito inusitado, que foi uma pérola roxa feita de plástico”, disse o uruguaio.

O educador ambiental procurou o apoio da Organização Não Governamental (ONG) Ecomov, que atua em São Paulo, para solucionar a questão do lixo internacional.

O objetivo de Mathias Ferreira e do grupo ambiental é abrir uma petição no Ministério Público da Bahia (MP-BA) e solucionar o caso.

“São embalagens de 18 países, a maioria da China. Calculo eu que seja pelo tráfego de navios que temos com o porto de Salvador”, explicou.

O educador ambiental explica que os resíduos são jogados no mar, por pessoas que frequentam os navios.

“Eu asseguro que esses resíduos vêm dos navios. Os lixos não têm limites políticos e fronteiras, eles andam livres pelos oceanos”.

Mathias Ferreira, além de fazer a limpeza das praias, olha as passagens dos navios de longe. As embarcações costumam passar por Imbassaí nas primeiras horas do dia e nos finais da tarde.

“Tiramos meia tonelada no mês de abril. Estamos calculando entre 400 materiais recicláveis”, apontou o trabalhador.

O material recolhido por Mathias será levado para análise na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Já as tampinhas das garrafas são retiradas e usadas para criação de pranchas pequenas de handsurf.

“É uma forma que consigo reutilizar esse lixo internacional”.

O uruguaio desembarcou no Brasil quando tinha 18 anos. No país, já viveu na rua, conseguiu um trabalho e voltou ao Uruguai durante a pandemia da Covid-19 após perder o emprego.

“Resolvi voltar andando, com uma máscara de gás da Segunda Guerra Mundial, fazendo um protesto artístico, levando uma revolução de consciência”.

Depois de chegar no país onde nasceu, retornou ao Maranhão, limpando o litoral dos dois países.



Falta de fiscalização e regulamento nos protocolos

O coordenador da ONG Ecologia em Movimento (Ecomov) Rodrigo Brandão Azambuja, explicou que o grupo tem um trabalho em São Paulo, sobre a questão do lixo internacional, com parceria com o Ministério Público (MP-SP) e a Fundação Florestal.

“Estamos começando abrir algumas petições com grupos locais em Santa Catarina, Paraná, Paraíba e estamos unificando laços com esses movimentos em outros estados”, contou.

A ideia é que ao longos dos anos, uma petição seja aberta, em nível nacional, no Ministério Público Federal.

"Esse problema envolve a falta de fiscalização e de regulamento nos protocolos de limpeza na gestão dos navios", explicou Rodrigo Brandão Azambuja.

Segundo Rodrigo Brandão Azambuja, a situação no litoral baiano é um pouco diferente da encontrada em São Paulo, que também registra alto índice de lixo nacional.

"Em Imbassaí, aquela área de área deserta, paradisíaca, o Mathias só encontra lixo internacional. Não tem nenhuma fonte de comércio local, de poluição de moradias, palafitas, então o cenário dessa praia próxima da região portuária está totalmente poluído por resíduos internacionais".


Situação alarmante

O coordenador da Ecomov classificou a situação de Imbassaí como alarmante, já que em apenas um mês, 500 materiais foram catalogados no local. A quantidade representa o que a ONG registrou no Porto de São Sebastião, em São Paulo, entre os meados de 2022 e 2023.

"Em um mês, o Mathias conseguiu bater o que a gente conseguiu registrar em um ano no litoral norte de São Paulo. Ele catalogou 500 materiais o que a nossa equipe da Ecomove registrou em um ano no Porto de São Sebastião".

Alguns materiais encontrados, conforme o ambientalista, são produtos corrosivos, altamente tóxicos e danosos a vida de animais marinhos e de quem manipula os objetos.

"Um produto para fazer limpeza de um navio não é o mesmo que se usa em casa. Existe toda uma química específica para isso", explicou.

“São produtos cancerigenos e corrosivos que podem apontar um perigo para os animais marinhos e pessoas que até manipulam", ressaltou Azambuja.

O coordenador da Ecomov afirmou ainda que a diversidade dos materiais encontrados na Bahia está associada ao que se consome dentro de um navio, que é alimentação, material de informática, produtos de beleza e higiene pessoal, fora produtos que têm alto índice de contaminação.

"Essas identificações são iguais as mesmas marcas e materiais em todo o Brasil. Estou falando do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte. A gente está trazendo universidades desses estados para darem sequencia a esses estudos".

A pesquisadora do Núcleo de Pós Graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Suzana Suzana Más Rosa, afirmou que o projeto será objeto de estudo para o desenvolvimento de pesquisa científica sobre os resíduos retirados das praias.

“Assim podemos comprovar cientificamente e divulgar o que está sendo encontrado na região”, explicou a pesquisadora, que também atua como coordenadora da Câmara de Resíduos do Painel Salvador Mudança do Clima.

De acordo com Suzana Rosa, o projeto também vai ajudar o grupo a encontrar parceiros na luta pela limpeza da praia e solução dos problemas.

"Vamos ajudar a conectá-lo com outros pesquisadores, startups que desenvolvem projetos e ações com transformação e aproveitamento de resíduos, poder público, patrocinadores e outros apoiadores", afirmou.


 

Por Diário da Feira via G1
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