“A gente está aqui para crescer, não só como atleta, mas como ser humano, e para mostrar que a gente pode tudo. A cor não define nada: não define medalha, não define talento, não define nada. Chega na hora, é raça”, afirmou a campeã olímpica Beatriz Souza, de 26 anos, ao ser questionada sobre o significado de uma mulher negra conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Das 15 medalhas individuais conquistadas por brasileiros em Paris, nove foram obtidas por atletas negros. Neste Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira, 20 de novembro, pela primeira vez como feriado nacional – uma iniciativa do presidente Lula, que o instituiu em 2023 –, destacamos os atletas negros que têm deixado um legado de talento e resistência, inspirando gerações.
Nomes como Marta, Beatriz Souza, Rebeca Andrade, Rafaela Silva, Isaquias Queiroz, Alison dos Santos, Gabrielzinho, Rayane Soares e Vinicius Jr., entre tantos outros, mostram que, dos campos de futebol às pistas de atletismo, das quadras de vôlei às piscinas olímpicas, homens e mulheres negros não apenas elevam o nível das competições, mas também provam que o esporte pode ser um caminho para a transformação social.
“É importante lembrar que o sucesso desses atletas muitas vezes foi alcançado enfrentando desafios duros, como o racismo estrutural. Ainda assim, eles seguem como exemplos de coragem. No Ministério do Esporte, estamos veementemente comprometidos em combater o racismo no esporte e promover a equidade, sabendo que um mundo mais justo depende de todos nós”, afirmou o ministro do Esporte, André Fufuca.
Ações do MEsp
A preocupação com a recorrência de casos de racismo no esporte tem crescido cada vez mais no Brasil. Alguns estados sancionaram a Lei Vini Jr, que prevê o combate ao racismo nos estádios e arenas esportivas. A legislação homenageia o jogador Vinicius Jr., que foi alvo de insultos raciais durante partidas do campeonato espanhol. Ao denunciar, pelas redes sociais, o racismo e a falta de ação da La Liga, da Federação Espanhola e de alguns adversários, ele se tornou uma referência na luta contra o racismo.
A campanha Cadeiras Vazias – um movimento pela ocupação da paz nos estádios brasileiros, lançada recentemente pelo Ministério do Esporte – destacou que, segundo a Confederação Brasileira de Futebol, 41% dos jogadores negros já sofreram racismo no Brasil. A iniciativa busca conscientizar a população brasileira não apenas sobre as violências extremas, que ceifam vidas e arruínam famílias, mas também sobre outras formas graves de discriminação, como racismo, homofobia, xenofobia, agressões contra mulheres e intolerância religiosa.
“A presença do racismo no mundo esportivo é evidente, e não há dúvida quanto à urgência de ações voltadas ao enfrentamento da discriminação e à promoção da igualdade racial. Essas ações devem ser implementadas de maneira séria e junto a atletas, clubes, confederações, torcedores e a população geral para a construção de uma mudança gradual, cumulativa e efetiva”, completou Fufuca.
Entre os programas que ampliam e democratizam o acesso ao esporte está o Bolsa Atleta, concedido pelo Governo Federal por meio do Ministério do Esporte. Dados da Secretaria Nacional de Excelência Esportiva mostram que 46% dos atletas contemplados com o incentivo federal são pretos e pardos. Esportistas como Rebeca Andrade e Isaquias Queiroz tiveram suas vidas transformadas com o apoio do programa e já entraram para a história como alguns dos maiores medalhistas olímpicos brasileiros.
Outra iniciativa em tramitação é a celebração de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério do Esporte e o Ministério da Igualdade Racial. O objetivo é implementar ações voltadas a entidades e organizações esportivas, atletas, torcedores e o público em geral, com foco no combate ao racismo no esporte em âmbito nacional. A parceria contempla temas como acesso à justiça, comunicação, esporte amador, educação, lazer, inclusão social, futebol e direitos do torcedor, paradesporto e excelência esportiva.
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