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'EUA acreditam ser donos de todos os recursos naturais do mundo', diz Evo Morales

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales defende que está apto a disputar novas eleições em 2025 e que acredita que contará com apoio popular

17/07/2024 17h51
Por: Diário da Feira
Fonte: BBC
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales defende que está apto a disputar novas eleições em 2025 e que acredita que contará com apoio popular | Leandro Prazeres
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales defende que está apto a disputar novas eleições em 2025 e que acredita que contará com apoio popular | Leandro Prazeres

Na manhã de quarta-feira (10/7), a Praça Abaroa, uma das principais de La Paz, capital da Bolívia, estava lotada e dividida.

De um lado, "evistas" entoavam cantos de apoio ao ex-presidente Evo Morales, que havia pouco tempo tinha chegado à sede do Tribunal Supremo Eleitoral, em frente ao local.

Do outro lado estavam os "arcistas", apoiadores do atual presidente da Bolívia, Luis Arce, que vociferavam contra o outro grupo.

Em um dado momento, as agressões verbais se transformaram em pedradas e foi preciso que a polícia interrompesse o conflito.

Há poucos anos, essa cena seria impensável. Arce, afinal, foi ministro de Finanças de Morales entre 2006 e 2019. E, em 2020, Arce chegou à Presidência com o apoio de Morales.

Mas a aliança acabou em 2021. No país, o motivo dado para o rompimento é a nova empreitada política de Morales: chegar à Presidência novamente.

Evo Morales é o principal líder de esquerda da Bolívia e um dos nomes mais conhecidos da política sul-americana. Líder indígena e cocaleiro, foi eleito presidente em 2005 e reeleito duas vezes.

Foi justamente sua última reeleição, em 2019, que levou o país a uma crise política e que fez com que ele renunciasse ao cargo e partisse para o exílio na Argentina.

No cerne da crise estava a polêmica manobra judicial que permitiu que ele tentasse um terceiro mandato. O cenário, porém, impõe desafios.

Em 2023, o Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia decidiu que não é possível exercer mais de dois mandatos presidenciais, seja de forma consecutiva ou de forma descontínua.

Parte da opinião pública do país entende que a decisão impede Morales de disputar uma eleição novamente, uma vez que ele já foi eleito presidente três vezes.

Morales, no entanto, rebate a tese e diz que, tecnicamente, está "habilitado" e que lutará pelo direito de ser candidato novamente.

Mas ainda que vença uma futura disputa judicial pelo direito de disputar um novo mandato, ele terá que vencer um outro adversário: Luis Arce, a quem chama pelo apelido, Lucho.

Apesar de não dizer claramente que pretende disputar a reeleição, Arce tem feito críticas às tentativas de Morales de pleitear um novo mandato.

E foi em meio a esse cenário de tensão que o ex-presidente Evo Morales concedeu uma entrevista exclusiva à BBC News Brasil e à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), na sede do MAS (Movimiento al Socialismo), em La Paz.

Na entrevista, Morales comenta sua visão de um suposto plano dos Estados Unidos para dividir a esquerda boliviana, de olho nas reservas de lítio do país.

"O delito do povo boliviano é ter tantos recursos naturais [...] Esse é o nosso crime. Os Estados Unidos, por destino manifesto, acreditam ser donos de todos os recursos naturais do mundo", afirma.

O ex-presidente boliviano coloca em dúvida a versão dada pelo governo boliviano de que o país teria sido alvo de uma tentativa de golpe de Estado no dia 26 de junho.

Naquele dia, militares tentaram invadir a sede do governo boliviano, mas foram contidos e presos.

Para Morales, tudo não teria passado de um "autogolpe". "Se não é golpe ou autogolpe é um show bem encenado", disse Morales.

O ex-presidente critica a atuação de Arce na presidência e o acusa de "eleitoralizar o país" e de ter migrado para a direita.

"Lucho endireitou'", diz Morales.

Ainda segundo o ex-presidente boliviano, Arce não é mais um ativo da esquerda boliviana.

"Luis Arce, em vez de benefício, é uma fraqueza", afirmou.

O ex-presidente diz também que está disposto a disputar eleições primárias com Arce para que o MAS decida quem será o candidato do partido e diz acreditar que terá apoio popular para voltar ao cargo mais alto do país.

"Conhecendo meu povo, eles vão [impor] uma batalha dura para recuperar a revolução e salvar nossa querida Bolívia", afirma.

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