A inflação oficial do Brasil recuou 0,02% em agosto, ante alta de 0,38% em julho, segundo dados apresentados nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A variação corresponde à primeira deflação registrada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desde junho do ano passado (-0,08%).
O resultado abaixo da projeção de alta de 0,02% foi estimulado pela queda de 2,77% no preço das contas de luz em agosto.
Em setembro, com a bandeira vermelha 1, as contas ficarão mais caras.
O que diz o IPCA
Inflação volta a ficar negativa após 14 meses, mostra IBGE. A deflação representa a primeira queda de preços apurada pelo IPCA desde junho do ano passado (-0,08%). Na comparação somente com meses de agosto, a variação é inferior à taxa de 0,23% do ano passado, mas superior à queda de 0,26% registrada em 2022.
Deflação afasta o índice oficial de preços do teto da meta. Após fechar julho no limite de tolerância, o IPCA acumulado em 12 meses recuou para 4,24% em agosto. A meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para a inflação deste ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,5% a 4,5%).
Atual regime de metas para a inflação segue até dezembro. A partir de janeiro de 2025, o intervalo anual pré-determinado deverá ser cumprido todos os meses, não apenas ao final de cada ano. Assim, o furo da meta será estabelecido sempre que o IPCA acumulado superar o teto da meta por seis meses consecutivos.
Projeções mostram inflação em 4,3% ao final deste ano. Os analistas do mercado financeiro elevaram as expectativas para o IPCA nos 12 meses encerrados em dezembro em todas as últimas oito semanas, de 4,25% para 4,3%. O percentual considera uma aceleração do índice em setembro, com alta prevista de 0,36%, e perdas de força em outubro (0,3%) e novembro (0,22%). Para dezembro, a variação estimada é de 0,47%.
Energia elétrica
Queda das contas de luz contribui para resultado do IPCA. O recuo de 2,77% das tarifas de energia elétrica residencial em agosto é justificado pelo uso da bandeira verde, sem cobrança adicional, em agosto. Para este mês de setembro, a adoção da bandeira vermelha 1, com acréscimo de R$ 0,04463 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, tende a pressionar o orçamento das famílias.
Recuo influenciou baixa de 0,51% dos preços do grupo de habitação. "A principal influência veio de energia elétrica residencial, com o retorno à bandeira tarifária verde em agosto, onde não há cobrança adicional nas contas de luz, após a mudança para a bandeira amarela em julho", reforça André Almeida, gerente do IPCA.
Alimentação
Preços de alimentos e bebidas cai pelo segundo mês seguido. O grupo de despesas registrou queda de 0,44% em agosto, após variação negativa de 1% apurada em julho. O resultado foi influenciado principalmente pelo recuo de 0,73% dos preços dos alimentos consumidos em casa. No mês anterior, houve queda de 1,51% das refeições no domicílio.
Batata inglesa (-19%), tomate (-16,9%) e cebola (-16,5%) guiam resultado. "O principal fator que contribuiu para a queda nos preços foi uma maior oferta desses produtos no mercado por conta de um clima mais ameno no meio do ano, que favorece a produção desses alimentos, com maior ritmo de colheita e intensificação de safra", diz Almeida.
Frutas ficam 4,23% mais caras em agosto. Na contramão do resultado geral dos alimentos, a variação foi puxada pelo aumento de preço do mamão (17,58%) e da banana-prata (11,37%), as maiores variações nominais do IPCA do mês. A laranja-pera (5,1%) e a maçã (1,18%) também apresentaram alta.
Alimentação fora do domicílio ficou 0,33% mais cara. A variação representa uma desaceleração ante a alta de 0,39% registrada no mês anterior. Dentro do subgrupo, o valor dos lanches subiram 0,11%, enquanto a refeição teve alta de 0,44%.
Combustíveis
Salto de 4,1% do gás veicular puxa alta de 0,61% dos combustíveis. As variações positivas da gasolina (0,67%) e do óleo diesel (0,37%) também pesaram no bolso dos motoristas.. Por outro lado, o etanol recuou 0,18%.
Grupo de transportes registrou estabilidade. Ainda que os combustíveis tenham avançado, as passagens aéreas registraram queda de 4,93% nos preços. Almeida explica que o resultado é marcado pela sazonalidade do mês de agosto.
"A queda no preço das passagens aéreas em agosto pode ser explicada por um movimento contrário ao observado em julho, mês de férias escolares, quando as passagens aéreas são mais demandadas por conta de viagens que as famílias realizam." André Almeida, gerente do IPCA
Veja a variação de cada um dos grupos
Habitação: -0,51%
Alimentação e bebidas: -0,44%
Transportes: 0%
Comunicação: +0,1%
Saúde e cuidados pessoais: +0,25%
Despesas pessoais: +0,25%
Vestuário: +0,39%
Educação: +0,73%
Artigos de residência: +0,74%
O que é o IPCA
A inflação oficial é calculado a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.
O IPCA considera a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.
A análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE considera as regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), além do Distrito Federal. Há ainda pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
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