A produção industrial do Brasil surpreendeu positivamente em março ao registrar avanço de 1,2% na comparação com fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo IBGE. Esse crescimento superou com folga a projeção do mercado, que era de 0,3%, e representou o melhor resultado mensal desde junho de 2024.
A recuperação veio após dois meses de baixo desempenho: estabilidade em fevereiro e leve alta de 0,1% em janeiro. De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa, o resultado reflete uma recuperação pontual em setores importantes, mas ainda não indica uma tendência de crescimento contínuo.
“É cedo para falar em retomada. O que vemos é uma reposição de perdas recentes, num cenário ainda cheio de desafios como juros elevados, inflação persistente e incertezas externas”, explicou Macedo.
Apesar da melhora, analistas alertam para um ambiente econômico ainda sensível. O crédito mais caro, aumento da inadimplência e oscilações no mercado internacional devem pesar sobre o desempenho da indústria ao longo do ano.
As expectativas para os próximos meses são de acomodação do setor industrial, com possível desaceleração já em abril. O economista André Valério, do Inter, destaca que o otimismo dos empresários recuou, influenciado pelo aumento dos estoques e pelas condições restritivas de financiamento.
O levantamento do IBGE aponta que 16 dos 25 setores pesquisados apresentaram crescimento em março. Entre os destaques positivos estão os segmentos de produtos farmacêuticos (13,7%), derivados de petróleo e biocombustíveis (3,4%), veículos (4,0%) e indústrias extrativas (2,8%).
Nas categorias econômicas, os maiores crescimentos vieram de bens de consumo duráveis (3,8%) e de bens semi e não duráveis (2,4%). Bens intermediários também avançaram (0,3%), enquanto bens de capital recuaram (-0,7%).
O Banco Central deve anunciar ainda hoje sua decisão sobre a taxa básica de juros. A expectativa do mercado é por manutenção ou possível elevação da Selic, atualmente em 14,25%.
Sensação
Vento
Umidade