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Exportação/Carne

Crise entre China e frigoríficos dos EUA abre oportunidade para Brasil ampliar exportações de carne

Brasil aproveita disputa comercial para reforçar presença na China

28/04/2025 09h00
Por: Diário da Feira
Fonte: G1
 Foto: REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

O momento de tensão comercial entre Estados Unidos e China abre uma janela estratégica para o Brasil fortalecer suas exportações de carne ao mercado asiático. De acordo com economistas ouvidos pelo g1, o esfriamento nas relações entre os dois gigantes econômicos pode beneficiar diretamente o agronegócio brasileiro.

Em março, o então presidente americano Donald Trump anunciou tarifas sobre produtos de 180 países, o que gerou reações e novas barreiras comerciais ao redor do mundo. Apesar da suspensão temporária das tarifas por 90 dias para novas negociações, o clima de incerteza permanece.

Como reflexo dessa tensão, a China cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA e não renovou a habilitação de cerca de 390 frigoríficos americanos, afetando principalmente a exportação de carne bovina. Segundo a especialista Priscila Caneparo, essas restrições podem representar uma perda de aproximadamente US$ 5,4 bilhões para o mercado norte-americano.

Com espaço aberto no mercado chinês, o Brasil, maior exportador de carne bovina para a China, surge como alternativa natural. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, de janeiro a março de 2025, o Brasil já exportou US$ 1,36 bilhão em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada para o país asiático — consolidando sua liderança nas vendas globais de carne.

"A decisão da China de dificultar a entrada de carne americana representa uma chance rara para o Brasil expandir sua presença em um dos maiores mercados do mundo", analisa Lucas Leite, doutor em relações internacionais.

Outro fator favorável ao Brasil é o desafio enfrentado pelos EUA, que enfrentam o menor rebanho bovino dos últimos 70 anos, além das consequências da guerra comercial, conforme aponta o economista Felippe Serigati, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Brasil à frente da Argentina

No cenário latino-americano, o Brasil também se destaca frente à Argentina, que ainda se recupera das restrições autoimpostas à exportação de carne até 2023. "Enquanto a Argentina retoma gradualmente sua presença, o Brasil já mantém relações consolidadas e em expansão com o mercado chinês", explica Serigati.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), somente no último ano, o Brasil exportou 1,33 milhão de toneladas de carne bovina para a China, gerando US$ 6 bilhões em receita. A expectativa é de que esse volume aumente ainda mais com o possível reconhecimento do Brasil como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em maio.

Impacto no mercado interno

Apesar do aumento nas exportações, o Ministério da Agricultura garante que o abastecimento interno não será afetado. Segundo o secretário de Relações Internacionais da pasta, Luis Rua, os produtos mais demandados pelos chineses são miúdos, como tripas, enquanto o consumidor brasileiro consome mais a parte dianteira do boi.

"A dinâmica de exportação para a China não impacta diretamente o preço da carne no mercado interno. Portanto, não há previsão de aumento nos preços para o consumidor brasileiro", afirma Rua.

Com o cenário favorável, o Brasil se posiciona para consolidar ainda mais sua liderança no mercado internacional de carne bovina, aproveitando as brechas abertas pela crise entre China e Estados Unidos.

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