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Aécio Neves: de Assessor do avô, deputado, governador, senador a Lava-Jato


Publicada em 18/10/2017 ás 10:07:49
Globo.com
Aecio Neves joga na lama o nome do avô considerado um ícone da politica nacional, o falecido Tancredo Neves.

  

Aecio Neves joga na lama o nome do avô considerado um ícone da politica nacional, o falecido Tancredo Neves.

Nascido em berço tradicional da política brasileira, Aécio Neves cresceu próximo dos holofotes da vida pública. Pertencente a uma dinastia da qual fizeram parte Tancredo Neves, seu avô materno e primeiro presidente civil eleito, indiretamente, após a ditadura militar, Aécio Ferreira da Cunha, seu pai e deputado federal por Minas Gerais, e Tristão Ferreira da Cunha, seu avô paterno e deputado federal mineiro, Aecinho, como era conhecido inicialmente, acabou por ocupar cargos dos mais importantes da política brasileira, numa carreira iniciada ainda muito jovem.

O ápice do tucano foi a eleição presidencial de 2014, quando recebeu mais de 51 milhões de votos no segundo turno, perdendo a disputa para Dilma Rousseff (PT). Desde então, Aécio se tornou alvo de seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), cinco deles decorrentes da delação de executivos da construtora Odebrecht na Operação Lava-Jato. Após as revelações do colunista Lauro Jardim, no site do GLOBO, dos pedidos de propina ao empresário Joesley Batista, dono do Grupo JBS, em 17 de maio de 2017, o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, afastou o senador mineiro de suas funções e este pediu licença do cargo de presidente do PSDB horas depois.

De contato próximo com figuras como Leonel Brizola, Fernando Henrique Cardoso e Franco Montoro, Aécio, que nasceu em Belo Horizonte no dia 10 de março de 1960, subiu ao palanque pela primeira vez aos 14 anos, acompanhando a campanha política de seu pai. Tendo passado a adolescência e começado os estudos de Economia no Rio de Janeiro, o cruzeirense fanático tornou-se figura popular nas praias, onde praticava surfe, e na noite carioca. Na noite de Natal de 1981, seu avô o chamou e lhe perguntou:

– Você não quer largar a vida de surfista e conhecer direito a sua terra?

No ano seguinte, retornou a Belo Horizonte, onde se tornou assessor e secretário pessoal de Tancredo, sempre acompanhado pela irmã, Andrea, que se tornaria seu braço direito na vida política. Quando o avô morreu, sem assumir a Presidência, Aécio foi nomeado por José Sarney, vice de Tancredo que assumiu o governo, como diretor de Loterias da Caixa Econômica Federal. Em perfil sobre o político, em 2001, o colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno se referiu a Aécio como “herdeiro da mineirice de Tancredo”.

Mineirice, nesse caso, significa escola política da conciliação que fez com que, ao longo dos anos, Aécio transitasse em alianças dos mais variados tipos. Presidente do PSDB desde 2013, o tucano montou uma carreira em que conseguiu se destacar entre nomes de peso do próprio partido, como os governadores paulistas Geraldo Alckmin e José Serra, alcançando os feitos com alianças pouco ortodoxas. Foi o caso, por exemplo, de quando se elegeu deputado federal e depois governador de Minas Gerais duas vezes, fazendo campanhas com Fernando Pimentel e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT. Mais tarde, ao tornar-se líder da oposição ao governo petista, os antigos aliados se transformaram em ferrenhos adversários. Chamado de governador popstar, por sua vida dividida entre Minas e Rio, após o fim de seu segundo mandato, Aécio se tornou senador em 2011.

Sobre o partido, disse que o PT havia deixado uma “herança maldita”, devolvendo a expressão usada pelos petistas ao assumirem a Presidência após o governo de Fernando Henrique Cardoso. Depois de abrir mão de concorrer à vaga do PSDB pela Presidência, em 2010, Aécio viu chegar a sua hora em 2014, quando ficou muito próximo do cargo político máximo do país. Com mais de 51 milhões de votos (48,6% dos válidos), Aécio criticou duramente a reeleição de sua adversária, Dilma Roussef, afirmando que seria “um mal para o Brasil”:

– Eu vivi essa experiência, fui reeleito governador. É uma covardia, uma disputa desigual.

É durante seu mandato como senador que ele diz que “existe uma medida que está acima de todas as outras para acabarmos com a corrupção no Brasil: vamos tirar o PT do governo”. Aécio intensifica sua oposição quando ganha as eleições para presidente nacional do PSDB, em 2013.

No entanto, a partir de 2014 começam a surgir denúncias e escândalos de corrupção envolvendo o seu nome. A primeira polêmica envolvia a construção de um aeroporto na cidade de Cláudio, Minas Gerais, dentro das terras de sua família. A obra, avaliada em R$ 13 milhões, teria sido feita para favorecer os familiares de Aécio e não atender a uma demanda da região, como ele se justificou, porque a cidade fica a 50 minutos de Divinópolis, que abriga o mais importante aeroporto do Centro-oeste de Minas Gerais. O caso foi arquivado pela Justiça mineira. Também as investigações do mensalão tucano (que envolveu a campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas) chegaram até Aécio, mas nada foi comprovado na ocasião.

Após as eleições presidenciais, novas denúncias surgiram nas investigações da Operação Lava-Jato. Aécio Neves é alvo de seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal, cinco deles vindos de delações de ex-dirigentes da construtura Odebrecht. Entre as acusações estão a de organizar um cartel para obras em Minas Gerais, o recebimento de propinas e a criação de caixa 2 em sua campanha à Presidência.

A reportagem publicada pelo jornal revelou que Aécio teria pedido R$ 2 milhões em propinas para Joesley Batista, presidente da JBS, maior empresa de processamento de carne do mundo, investigada pela Lava-Jato. O senador teria afirmado que precisava do dinheiro para pagar despesas com advogados na Lava-Jato. Após fazer delação premiada, o empresário, orientado pelos investigadores, realizou encontros monitorados pela PF, que registrou todo o processo envolvendo a entrega de malas de dinheiro a Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, que repassou o dinheiro a um secretário do senador Zezé Perrella. Andréa Neves e Frederico foram presos pela PF.

Presidente do PSDB desde 2013, foi afastado do cargo de senador devido às denúncias. Mas em decisão monocrática do ministro do STF Marco Aurélio Mello, em 30 de junho, que suspendeu a ação, Aécio voltou ao Senado no dia 4 de julho. No dia 31 de julho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu, pela segunda vez, a prisão do tucano. Em 26 de setembro: os ministros do STF decidiram que Aécio deve ser afastado do cargo, entregar o passaporte e cumprir recolhimento domiciliar noturno, além de não poder entrar em contato com outros envolvidos no processo, como a irmã Andrea.

* estagiário sob supervisão de Matilde Silveira

Família. Aécio, aos 24 anos, com o avô Tancredo Neves, então candidato a presidente, e a irmã Andrea Marcelo Prates 26/12/1984 / Agência O Globo

Fonte: Globo.com/Daniel Salgado*

 

 

Por Diario da Feira
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