Uma troca de mensagens entre o ex-deputado Cândido Vaccarezza e a empresária Liliana dos Santos Krawczuk, ligada ao PT, indica negociação de propina. A prova consta no relatório da Operação Abate, da 44ª fase da Operação Lava Jato, na qual também foi cumprido o mandado de prisão contra o ex-parlamentar. Vaccarezza é suspeito de receber propinas de US$ 500 mil, desviados da estatal. Liliana foi conduzida coercitivamente.

De acordo com o Estadão, a mensagem data de agosto de 2008 e se refere a uma interferência na obra de uma usina da Multigrain na Bahia, avaliada em US$ 350 milhões. "Veja só que belo empreendimento na Bahia. Se você conseguir o contato com a empresa, consigo as empresas para construção das usinas, com qualidade excelente preço. Você acha possível ou não? Pense com carinho. Você consegue o contato e eu ganho o nosso dinheiro do outro lado", escreveu Liliana para Vaccarezza. Em outra mensagem, a empresária afirma que "o importante é que" o contato de Vaccarezza "consiga saber qual o melhor preço de venda da tonelada de tolueno para contratos de longo prazo, como será o do Benzoato".

Segundo juiz Sergio Moro, na documentação apreendida nas mensagens constam planilhas que apontam que Liliana seria recompensada financeiramente pelo empreendimento, com uma previsão de recebimento de 10% dos lucros da Quimbra, cerca de R$ 169.046,13 em projeções no primeiro ano de funcionamento da Quimbra e de R$ 949.787,00 no quarto ano. A empresa seria constituída para obter junto à Petrobras um contrato de longo prazo para fornecimento de tolueno.

A defesa de Cândido Vaccarezza disse que o ex-deputado nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobras. O advogado Marcellus Ferreira Pinto criticou a prisão, por ter sido baseada em "delações contraditórias", algumas até retificadas. O Partido dos Trabalhadores disse que não tem informações sobre o processo. Um familiar de Liliana Krawczuk atendeu o seu celular e disse que quando possível a empresária retornaria o telefonema.